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Um ano depois, reconstrução engatinha no Haiti; chefe de planejamento critica ONU
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FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A PORTO PRÍNCIPE
Sean Penn gesticula para a assistente. Aponta um poço com lixo acumulado. Estamos num acampamento para desabrigados do terremoto no sudeste de Porto Príncipe. "Ainda está assim?"
Suando numa camisa verde piscina, o ator americano faz uma ronda de trabalho onde vivem mais de 45 mil pessoas. Muitas das barracas de camping foram doadas por sua ONG, a J/P HRO.
"Nós estamos preocupados com a cólera. Tivemos 27 casos aqui", diz ele à Folha. Onze meses após a tragédia que matou 300 mil e deixou outros tantos desabrigados na capital, o Haiti debate que caminho seguir para acelerar a reconstrução. Para os mais críticos, ela sequer começou.
Um dos focos de discussão é justamente trabalhos como os de Penn, multiplicados a tal ponto que renderam ao país o apelido de "República das ONGs".
Se a ação emergencial das ONGs é considerada positiva, a avaliação dos especialistas não é a mesma para os esforços de reconstrução.
Não haveria planejamento ou coordenação nacional. Nem logística para gastar os fundos arrecadados.
A pulverização das ações se soma ainda ao lento processo de tomada de decisão das comissões multilaterais formadas pós-terremoto.
"Que importa construir cem casas aqui ou ali? Precisamos é de um banco local, para oferecer crédito para a reconstrução", diz a socióloga Michèle Oriol.
"Uma agência opina algo, outra opina outra coisa. E não se decide nada. Precisamos de alguém no comando", diz.
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