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24/12/2010 - 12h32

Câmara russa ratifica tratado de desarmamento nuclear com os EUA

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Atualizado às 12h50.

A Duma (Assembleia Nacional da Rússia) ratificou nesta sexta-feira em primeira votação o novo tratado de desarmamento nuclear bilateral com os Estados Unidos --o projeto já havia sido ratificado pelo Senado americano na quarta-feira passada (22).

O tratado também precisa ser ratificado pela Câmara alta, o Conselho Federativo, que, como a Duma, é controlado pelos governistas. A aprovação aumenta chances do tratado internacional entrar em vigor e substituir o antigo Start, cuja vigência acaba em 31 de dezembro deste ano.

O tratado Start 2 (sigla em inglês para Tratado para a Redução de Armas Estratégicas) foi assinado em 8 de abril de 2010 pelos presidentes dos Estados Unidos e Rússia, Barack Obama e Dmitri Medvedev, respectivamente, e limita as armas nucleares estratégicas --como mísseis nucleares de longo alcance-- nos dois países. Válido por dez anos, o acordo prevê um máximo de 1.550 ogivas nucleares em cada um dos países, contra as 2.200 atuais, o que representa uma redução de 30%.

Dmitry Lovetsky/AFP
Vista geral da Duma, a Câmara baixa russa, que aprovou nesta sexta o texto do tratado Start
Vista geral da Duma, a Câmara baixa russa, que aprovou nesta sexta o texto do tratado Start

A Duma, formada por uma maioria qualificada de dois terços do governista Rússia Unida, aprovou o texto por 350 votos a favor e 58 contra, informaram as agências russas.

Os legisladores decidiram, contudo, que abordarão em janeiro de 2011 --em segunda e terceira leituras-- o projeto de lei de ratificação ao qual poderão introduzir emendas. Mais cedo, o presidente da Comissão das Relações Exteriores da Duma, Konstantin Kosachov, criticou as emendas do Senado dos EUA ao texto, que separa o conceito de defesa antiaérea e mísseis de longo alcance.

Esta nova etapa, contudo, não está relacionada ao tratado internacional, que foi aprovado na sessão desta sexta-feira.

Rússia e EUA haviam entrado em acordo para sincronizar a ratificação do tratado, que substitui o Start que expirou em dezembro de 2009 e que teve que ser prorrogado.

O ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou antes da votação que a possível recusa da Duma em ratificar o tratado poderia ter gerado "um grave revés para a reputação do país".

Lavrov disse que os senadores americanos não modificaram o tratado assinado em Praga.

Já Kosachov disse que os legisladores russos "não têm direito de deixar as interpretações sem resposta". "Senão, poderemos dar vantagens adicionais a nossos parceiros americanos ou possivelmente oponentes. Precisamos balancear estas vantagens".

Os comunistas e ultranacionalistas apresentaram uma moção para retirar da agenda do dia o projeto de lei de ratificação, mas a iniciativa não conseguiu o respaldo da Câmara. Ambos os partidos advertiram que o Start debilitaria a segurança da Rússia, mas o Rússia Unida, que conta com dois terços das cadeiras, fez valer sua maioria.

EUA

O Senado dos EUA aprovou o acordo nesta quarta-feira, após várias semanas de intensas negociações em Washington pelas dúvidas dos republicanos. A aprovação foi vista como uma importante vitória do presidente Obama em seus esforços para se reaproximar de Moscou e restringir o arsenal atômico mundial.

Foram 71 senadores a favor e 26 contra, após uma tramitação polêmica, que pôs em risco o tradicional consenso bipartidário em questões de segurança nacional. Afinal, 13 republicanos votaram com o governo.

"Com este tratado, enviamos uma mensagem ao Irã e à Coreia do Norte de que a comunidade internacional permanece unida para restringir as ambições nucleares de países que operam fora da lei", disse o senador John Kerry.

O tratado Start 2 dá um prazo de sete anos para que Washington e Moscou reduzam seus arsenais instalados de armas estratégicas de longo alcance a um máximo de 1.550 unidades. Os lançadores de mísseis seriam reduzidos a até 700.

A aprovação ocorreu nas últimas semanas da atual legislatura, antes da posse dos congressistas eleitos em novembro, o que fará o governo perder o domínio na Câmara e ter sua vantagem reduzida no Senado.

O senador republicano Jim DeMint, contrário ao tratado, afirmou que um "Congresso demitido, sem responsabilidades" se apressou em aprovar a medida antes do Natal, e após "barganhas de bastidores" que liberaram bilhões de dólares em verbas para a modernização do arsenal atômico.

"O tratado não tinha chance de ratificação até que o presidente concordou com os bilhões de dólares para a modernização das nossas armas nucleares", disse ele.

Outro senador, Jeff Sessions, afirmou que o objetivo de Obama de eliminar as armas mundiais é irreal, e por isso o tratado deveria ser rejeitado. "Acho que todo o mundo veria a ação do Senado (contra o tratado) como um ressurgimento da política histórica dos EUA da paz por meio da força, e uma rejeição de uma visão esquerdista de um mundo sem armas nucleares".

 

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