Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
06/01/2011 - 08h16

Rival acusa Gbagbo de ordenar assassinatos na Costa do Marfim

Publicidade

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Alassane Ouattara, apontado por grande parte da comunidade internacional como vencedor da eleição presidencial na Costa do Marfim, disse nesta quinta-feira ter provas de que seu rival no pleito, o presidente Laurent Gbagbo, instigou os episódios de violência que aconteceram após a eleição e ordenou que agentes estrangeiros matassem opositores.

Editoria de Arte / Folhapress

No poder desde 2000, o presidente Gbagbo enfrenta cada vez mais pressão internacional e nacional para deixar o governo, que assumiu após a anulação de cerca de 10% dos votos da eleição de novembro, a maioria em redutos de Ouattara.

"Laurent Gbagbo tem sangue nas mãos. Ele ordenou o assassinato de cidadãos por agentes estrangeiros", disse Ouattara à rádio Europe 1, acrescentando "é claro que temos provas disso."

Ouattara, que está morando em um complexo hoteleiro cujos acessos foram bloqueados, disse que cerca de 200 marfinenses morreram nos episódios de violência pós-eleitoral e mais de mil ficaram feridos.

Ele disse ainda que já escreveu ao secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas) para pedir que o Tribunal Penal Internacional envie uma equipe de investigadores à Costa do Marfim. Ele disse ainda ter sido informado que a equipe deve chegar ao país africano nos próximos dias.

POUCOS DIAS

Ouattara disse ainda estar confiante que assumirá o poder oficialmente "nos próximos dias".

"Confio que em breve vamos ter todo o poder", garantiu Ouattara. "Posso dizer que será durante o mês de janeiro", acrescentou na entrevista à rádio, à qual disse que "já é hora de colocar um fim nessa situação".

Issouf Sanogo-24dez.10/AFP
Vencedor reconhecido pela comunidade internacional, Alassane Ouattara (dir.) cumprimenta seu premiê Guillaume Soro
Vencedor reconhecido pela comunidade internacional, Alassane Ouattara (dir.) cumprimenta seu premiê Guillaume Soro

"Se Laurent Gbagbo insistir em ficar, sofrerá as consequências", advertiu Ouattara, referindo-se a possível intervenção no país por parte da Comunidade Econômica dos Estados de África Ocidental (Cedeao), que tentou convencer Gbagbo a abandonar o poder e ameaçou enviar tropas para resolver a situação.

"A Cedeao fará. A Cedeao não pode assumir semelhantes compromissos e não aplicá-los", estimou Ouattara.

Ouattara garantiu que seu rival recrutou "mercenários liberianos" com o objetivo de assassinar seus opositores.

REUNIÃO

Nesta quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU reuniu-se em Nova York a portas fechadas para examinar a situação na Costa do Marfim, para qual o organismo internacional poderia enviar até 2.000 soldados a mais nos próximos dias para evitar uma nova guerra civil.

Os membros do principal órgão de segurança revisaram com o subsecretário-geral da ONU para Operações de Paz, Alain Le Roy, a convulsa situação no país africano.

O chefe dos capacetes azuis expôs sua intenção de pedir nos próximos dias autorização para colocar entre 1.000 e 2.000 soldados a mais no país, onde estão 10 mil homens da missão do organismo mundial na Costa do Marfim (Unoci).

Na saída da reunião, o presidente rotativo do Conselho de Segurança, Ivan Barbalic, expressou preocupação com a "fragilidade" da situação no país e a disposição de contemplar os reforços solicitados pelo departamento de Operações de Paz da ONU.

HISTÓRICO

Poucos dias após a votação de 28 de novembro, a Comissão Eleitoral Independente declarou o opositor Ouattara como vitorioso com 54,1% dos votos válidos, contra 45,9% de Gbagbo.

O resultado foi reconhecido pela ONU, Estados Unidos e União Europeia. No mesmo dia, contudo, Gbagbo apelou ao Conselho Constitucional com alegações de fraude eleitoral. O órgão anulou cerca de 10% dos votos, a maioria em redutos de Ouattara, dando a vitória a Gbagbo com 51%.

Desde então, a comunidade internacional pressiona Gbagbo a deixar o poder e já aplicou as mais diversas sanções --como veto ao visto de viagem aos países da União Europeia e o congelamento dos fundos estatais no Banco Central da União Monetária e Econômica do Oeste Africano.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página