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Ministros do Hizbollah ameaçam renunciar para derrubar governo libanês
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Ministros que pertencem ao grupo político e militar xiita Hizbollah e seus aliados políticos renunciarão a seus cargos no governo libanês nesta quarta-feira, forçando o colapso do governo do primeiro-ministro Saad Al Hariri, disse uma alta fonte política.
"O comunicado de renúncia já foi escrito e será anunciado às 16h30 (12h30 em Brasília)", disse a fonte, que pediu anonimato.
Para derrubar o governo, o Hizbollah precisa do apoio de mais de um terço dos 30 membros do gabinete. O movimento tem dez ministros, então precisaria de apenas um aliado para o plano dar certo.
Nesta terça-feira, políticos libaneses alertaram que a situação é caótica já que a Arábia Saudita e a Síria falharam em fechar um acordo para reduzir as tensões políticas no Líbano --resultantes do tribunal apoiado pela ONU (Organização das Nações Unidas) criado para julgar os assassinos do pai de Hariri, ex-primeiro-ministro Rafik Al Hariri.
Discórdias sobre a investigação paralisaram o governo de união e reavivaram os temores de um conflito sectário entre os xiitas e os sunitas.
O procurador do tribunal deve emitir os primeiros indiciamentos do caso ainda em janeiro. O líder do Hizbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, disse esperar que membros do grupo estejam na lista de acusados de envolvimento.
O Hizbollah nega qualquer participação no atentado de 2005, que matou Rafik Al Hariri e outras 22 pessoas. O grupo denunciou o tribunal como um projeto de Israel --com quem travou uma guerra em 2006-- e pediu a Saad Al Hariri que rejeite suas conclusões --uma exigência a qual ele tem resistido.
Hariri deve se reunir com presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em Washington, na hora prevista para a renúncia em massa.
Gebran Bassil, um ministro cristão aliado ao Hizbollah, disse que Hariri rejeitara os pedidos para uma sessão urgente do gabinete para discutir a insistência do Hizbollah de que o Líbano não coopere com o tribunal especial. "O período de graça acabou, e a fase de espera que vivemos sem qualquer resultado acabou", disse ele à Reuters.
O ministro de Saúde, Mohammed Jawad Khalifeh, disse no canal de TV Al Manar, afiliado do Hizbollah, que a única saída para a renúncia em massa é o premiê aceitar a reunião urgente.
O ministro do Hizbollah Mohammad Fneish culpou os EUA de obstruir as tentativas da Arábia Saudita e Síria para encontrar uma solução ao impasse.
"Houve esforços árabes que nos deram a chance de trabalhar de forma positiva [...] Estes esforços não funcionaram por causa da intervenção norte-americana", disse ele.
Hilal Khashan, professor de ciências políticas na Universidade Americana em Beirute, disse que Washington "vetou" a iniciativa síria-saudita e que há pouca chance de um novo governo ser formado rapidamente.
Ele não vê, contudo, chances de um novo episódio como o de maio de 2008, quando homens armados tomaram Beirute em protesto contra medidas do governo contra o movimento xiita. Ele não descartou manifestações nas ruas.
"O fenômeno dos motins está se espalhando no mundo árabe, por isso a oposição pode se proteger atrás de demandas populares para combater a inflação", disse Khashan.
A Bolsa de Beirute caiu mais de 3% em resposta à turbulência política. "(Como) o acordo entre a Arábia Saudita e a Síria foi bloqueado, vimos um impasse", disse Louis Karam, assessor de investimentos sênior da Árabes Finance Corporation.
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