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29/01/2011 - 20h06

Cairo começa a recuperar o ritmo depois do toque de recolher

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DE SÃO PAULO
COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A capital egípcia começa a recuperar seu ritmo esta manhã ao terminar o toque de recolher, vigente até as 8h (horário local, 4h de Brasília), embora se veja muito menos trânsito que em um dia normal, apesar de ser dia de trabalho.

Da mesma forma que no sábado, a polícia egípcia está ausente das ruas, e os pontos estratégicos do Cairo continuam custodiados pelo Exército, que também desdobrou unidades por diferentes bairros desta capital.

Durante a noite, a vigilância ficou a cargo de patrulhas civis armadas com paus e barras metálicas, cumprindo um apelo do Exército para que os civis participem para evitar ações de pilhagem.

Pouco depois de terminar o toque de recolher, estes piquetes civis começaram a se retirar e se levantaram as barreiras instaladas em muitas ruas da capital para vigiar os acessos.

O metrô do Cairo funciona sem interrupções, mas o transporte público é mínimo.

A situação é especialmente preocupante na cidade de Suez, na entrada sul do canal do mesmo nome, porque, segundo a rede de televisão "Al Jazeera", o Exército não esta participando ali em trabalhos de vigilância.

Grande Cairo, Alexandria e Suez são as três cidades nas quais o toque de recolher está em vigor desde sexta-feira, quando se intensificaram os protestos contra o regime de Hosni Mubarak, que explodiram na terça-feira passada.

Para hoje são esperados novos passos no plano político, já que está pendente a formação de um novo governo, depois que Mubarak nomeou o general Ahmed Shafiq como novo primeiro-ministro, em substituição ao civil Ahmed Nazif.

Além de Shafiq, Mubarak designou o também geral Omar Suleiman como vice-presidente da República, cargo vago desde que Mubarak chegou ao poder, em 1981, após o assassinato do presidente Anwar el-Sadat.

Grupos da oposição e manifestantes das ruas rejeitaram que estas nomeações sejam a solução que se está esperando, e continuam pressionando para que Mubarak deixe o poder

PROTESTOS

Pelo menos 12 pessoas morreram durante confrontos com a polícia neste sábado em Beni Suef, a 140 km da capital Cairo, de acordo relatos de fontes médicas e das forças de seguranças às agências internacionais. Os protestos fazem parte das manifestações populares que pedem mudanças políticas, e que forçaram o presidente Hosni Mubarak, no poder desde 1981, a indicar um novo primeiro-ministro e um novo vice-presidente.

Veja galeria com fotos dos protestos
Veja vídeo de confronto entre egípcios e polícia
Ouça relato do repórter da Folha em Suez

O ex-ministro da Aviação Ahmad Shafic, o novo premiê, terá a missão de formar um novo governo ao lado do novo vice-presidente, o ex-chefe dos serviços de inteligência Omar Suleiman, que segundo analistas ocidentais pode vir a comandar o país numa eventual renúncia do mandatário que está há 30 anos no poder.

A troca de cadeiras não encerrou, no entanto, as manifestações no Cairo e em outras regiões do país. Os confrontos com as forças de segurança que já resultaram em 38 mortes nesta semana, além de milhares de feridos. Algumas agências internacionais, citando fontes médicas, mais que dobram essa cifra.

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A agência France Presse, com base em consultas aos hospitais, aponta 92 mortes desde terça-feira, sendo 23 somente no sábado -- 12 em Beni Suef, onde manifestantes tentaram atacar duas delegacias de polícia-, além outras três no Cairo, três em Rafah e cinco em Ismailiya -- todas por conta desses confrontos.

Já a Reuters, até o início de sábado, informava 74 mortes, citando uma fonte médica que falou sob anonimato.

Mubarak afirmou na sexta que as demonstrações mostram que as pessoas querem 'mais empregos, preços mais baixos, menos pobreza'. 'Sei que todas essas questões sao necessárias, e trabalho por elas todos os dias. Mas não posso permitir saques e incêndios em locais públicos, afirmou.

Seguindo as ordens de Mubarak os ministros do governo egípcio, incluindo o premiê Ahmed Nazif, apresentaram sua renúncia neste sábado, abrindo caminho para a formação de um novo governo.

De acordo com TV estatal egípcia Nazif anunciou a saída dos ministros após uma reunião realizada no Cairo na manhã deste sábado.

Khaled Desouki/AFP
Sábado registra continuidade dos intensos protestos nas ruas do Cairo; Egito registra mais mortes
Sábado registra continuidade dos intensos protestos nas ruas do Cairo; Egito registra mais mortes

REPERCUSSÃO INTERNACIONAL

Milhares já se manifestaram em todo o mundo pedindo a saída de Mubarak e se solidarizando com os protestos populares nesse país. Nos países próximos, Iêmen e Jordânia, no Reino Unido e nos EUA, muitos se reuniram em frente a representações diplomáticas.

Em Nova York, centenas se reuniram frente a sede das Nações Unidas, brandindo cartazes em que se poderia líder"Egito livre já", "Não à ditadura" e "Mubarak, vá embora já".

Na Jordânia, Hamman Saeed, o líder da Irmandade Muçulmana, de oposição ao governo do rei Abdullah 2º --aliado de Washington- disse que as revoltas no Egito devem se espalhar por todo o Oriente Médio, levando os árabes a se rebelar contra seus líderes 'tiranos' aliados aos Estados Unidos.

O presidente americano, Barack Obama, disse em pronunciamento na Casa Branca nesta sexta-feira que o ditador egípcio, Hosni Mubarak, deve cumprir as promessas feitas hoje à nação e dar 'passos concretos' pela reforma política do país, pela promoção da democracia.

'O que é necessário agora são passos concretos para o avanço dos direitos do povo egípcio. Falei com ele [Mubarak] depois do discurso, e disse que agora ele tem a responsabilidade de dar sentido a essas palavras', disse Obama no discurso na Casa Branca.

Aliado importante dos EUA na região, o rei Abdullah, da Arábia Saudita, onde Ben Ali estaria exilado, minimizou as revoltas no Egito ao classificá-las como 'bagunça'.

Durante conversa ao telefone com Mubarak, ele denunciou 'intrusos' que estariam 'bagunçando a segurança e a estabilidade do Egito (...) em nome da liberdade de expressão'.

A Arábia Saudita 'apoia com todos os seus recursos os governo e o povo do Egito', destacou Abdullah.

 

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