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28/01/2011 - 14h47

Sede do partido governista fica em chamas no Egito

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A sede do governista Partido Nacional Democrático foi incendiada nesta sexta-feira em Cairo, no Egito, pouco depois da imposição do toque de recolher. Milhares de egípcios desafiam a medida e permanecem nas ruas de várias cidades do país africano para protestar pela queda do regime de Hosni Mubarak, no poder há 30 anos.

A televisão estatal confirmou que o prédio está em chamas, como exibido mais cedo pelo canal árabe Al Jazeera.

Testemunhas disseram que várias sedes do partido no país foram incendiadas ou atacadas durante um dia de fúria dos manifestantes, que querem novas eleições e reclamam de anos de um governo que ignorou as consequências da pobreza endêmica, desemprego e aumento dos preços dos alimentos.

O governo do Egito declarou toque de recolher no Cairo, Alexandria e Suez, em mais uma medida para tentar conter as dezenas de milhares de manifestantes. A medida vale das 18h (14h de Brasília) até as 7h (3h de Brasília), segundo anúncio de duas linhas exibido em um dos canais públicos de TV.

Esta foi a medida mais drástica até o momento para conter as manifestações. Mesmo antes do anúncio, o Exército já enviara veículos blindados para as ruas do Cairo --centro dos protestos. As imagens são de violência e caos, com a fumaça de prédios e carros em chamas se misturando ao gás lacrimogêneo lançado pela polícia. Há relatos até o momento de quatro mortos, um deles carregado pelos manifestantes pelas ruas de Suez.

Os veículos blindados estão nas principais avenidas de Cairo. Apesar da repressão dura das forças de segurança, contudo, as dezenas de milhares de manifestantes não recuam e fontes de segurança dizem que os protestos já se espalharam por ao menos 11 das 28 províncias egípcias --os maiores protestos do país.

As manifestações começaram pouco depois do meio-dia, no final das orações muçulmanas da sexta-feira, e se estenderam rapidamente por diferentes setores da capital egípcia e outras cidades do interior do país. Manifestantes estão nas ruas, gritando palavras de ordem como "saia, saia, Mubarak". Eles lançam pedras e sapatos contra as forças de segurança, que não pouparam jatos de água, gás lacrimogêneo e balas de borracha para conter os manifestantes.

As cenas mais caóticas foram registradas em Suez. A agência de notícias Reuters diz que a polícia abandonou áreas centrais da cidade, depois que os manifestantes superaram os cordões de segurança, roubaram armas de uma delegacia e queimaram o edifício, além de 20 veículos de patrulha estacionados perto do local.

A polícia tentou dispersar os manifestantes, que lançaram pedras e gritavam pela queda de Mubarak. Eles quebraram janelas e tentaram virar um dos caminhões da polícia. Os agentes finalmente desistiram e recuaram, abandonando ao menos oito caminhões da polícia.

Há relato ainda de ao menos mais um morto em Suez. Segundo testemunhas citadas pela agência Reuters, os egípcios carregavam o corpo de um manifestante, identificado como o motorista Hamada Labib, 30. Segundo seu irmão, ele foi morto por um disparo das forças de segurança.

Labib seria a quarta vítima dos protestos somente nesta sexta-feira. Mais cedo, a agência Efe disse que três civis que participavam de um protesto perto do Museu do Egito, próximo à praça Tahrir, no Cairo, epicentro das manifestações políticas dos últimos dias, morreram. As vítimas teriam recebido tiros de balas de borracha a curta distância.

Também no Cairo, mais de 300 pessoas foram presas e 120 ficaram feridas, segundo disseram fontes dos serviços de segurança citadas pela agência de notícias Efe.

As fontes relataram que os protestos chegaram até a bairros residenciais do Cairo, incluindo o de Roxy, próximo ao condomínio residencial onde vive o presidente egípcio, Hosni Mubarak, no poder desde 1981.

Também houve protestos no bairro de Maadi, na periferia da capital, habitado por muitos estrangeiros que trabalham em embaixadas ou empresas internacionais.

No distrito de Mohandiseen, ao menos 10 mil pessoas marchavam para o centro da cidade gritando 'saia, saia, Mubarak' --uma multidão que chegou a 20 mil depois de passar áreas residenciais.

Os moradores cumprimentavam os manifestantes das janelas dos apartamentos. Alguns agitavam bandeiras do Egito. Eles foram interrompidos pela polícia, que lançou dezenas de latas de gás lacrimogêneo, antes que chegassem a uma ponte no Nilo.

Na praça Ramsis, no centro da cidade, milhares enfrentaram a polícia ao deixar a mesquita Al Nur depois das orações do meio-dia. A polícia usou gás lacrimogêneo e balas de borracha que chegaram a atingir o interior da mesquita, onde mulheres estavam se refugiando.

Já a praça Tahrir, epicentro dos protestos políticos do Cairo dos últimos dias, está tomada totalmente pela polícia egípcia, embora nas ruas adjacentes manifestantes estejam concentrados.

Imagens da televisão local mostram manifestantes lançando pedras nos policiais, em uma estrada que leva à praça.

A rede de TV CNN relata ainda diversos prédios em chama em Alexandria. Houve ainda protestos menores em Assiut e Al Arish, na península do Sinai. As estações regionais de televisão relatam confrontos entre milhares de manifestantes também nas cidades de Alexandria e Minya.

Egípcios de fora do país estão postando informações atualizadas que recebem de conhecidos no país pelo microblog Twitter. Muitos pedem que os amigos continuem passando informações atualizadas.

Uma página da rede social Facebook criada por manifestantes listou suas exigências. Eles querem que Mubarak declare se seu filho vai ou não se candidatar às próximas eleições, dissolva o Parlamento para realizar novas eleições; encerre as leis de emergência que dão à polícia poderes extensivos para prisão e detenção; liberte todos os prisioneiros e demita imediatamente o ministro do Interior.

 

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