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31/01/2011 - 11h24

Egito nomeia novos ministros, mas protestos continuam no Cairo

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O ditador do Egito, Hosni Mubarak, apontou nessa segunda-feira novos ministros do Interior e das Finanças para integrar um governo designado para neutralizar os protestos antigoverno que são realizados no país desde a última terça-feira (25). No entanto, milhares de manifestantes reunidos no Cairo continuam pedindo que o presidente deixe o poder.

"Repórter da Folha relata insegurança nas ruas do Egito
Veja galeria com fotos dos protestos
Veja vídeo de confronto entre egípcios e polícia
Ouça relato do repórter da Folha em Suez

O general Mahmoud Wagdy, que anteriormente chefiava o departamento de investigações criminais do Cairo, foi apontado como o novo ministro do Interior, informaram fontes.

Já o ex-presidente da Instituição Central de Estatística, Gawdat al Malt, foi apontado como novo ministro das Finanças.

As nomeações ocorrem depois que o governo apresentou sua renúncia no último sábado (29), dia que Mubarak encarregou o general Ahmed Shafiq de formar um novo gabinete.

Mas ainda não está claro se o novo gabinete e promessas de reforma serão suficientes para acalmar grupos de oposição e manifestantes que pedem a renúncia do presidente.

No sétimo dia de protestos na nação mais populosa do mundo árabe, milhares de manifestantes se reuniram na praça Tahir, no Centro do Cairo, gritando: "Saia. Queremos você fora", além de cantar o hino nacional egípcio.

Soldados presentes no local olhavam os manifestantes mas não faziam nada.

Os protestos começaram na semana passada motivados pela frustração com a repressão, corrupção e a falta de democracia sob os 30 anos de governo de Mubarak.

Mais de cem pessoas foram mortas em confrontos com as forças de segurança em episódios que mudaram a imagem do Egito como sendo um país estável, com um mercado emergente promissor e um destino turístico atrativo.

Mubarak, um aliado próximo dos Estados Unidos, respondeu oferecendo reforma econômica para tentar enfrentar a raiva da população devido às dificuldades.

MEGAPROTESTO

O Movimento 6 de Abril, o grupo de oposição que iniciou os protestos populares do Egito, convocou para esta terça-feira manifestações maciças e espera reunir 1 milhão de pessoas exatamente uma semana após o início dos protestos pela queda de Mubarak.

Hannibal Hanschke/Efe
Nas primeiras horas da manhã, egípcios começam a se reunir na praça Tahrir, no centro da capital, Cairo
Nas primeiras horas da manhã, egípcios começam a se reunir na praça Tahrir, no centro da capital, Cairo

Outro grupo opositor, a Irmandade Muçulmana rejeitou nesta segunda-feira manter qualquer diálogo com o novo primeiro-ministro Ahmed Shafiq, e criticou Mubarak por ter proposto a conversa na véspera.

"Queremos fazer com que seja como um carnaval, com músicas, poesias e espetáculos, tudo centrado em pedir a renúncia de Hosni Mubarak", disse o porta-voz do Movimento 6 de Abril, que pediu anonimato.

O Movimento 6 de Abril é o principal grupo por trás dos protestos públicos contra o regime do presidente Mubarak e conta com o apoio dos Irmãos Muçulmanos e da plataforma política liderada pelo Nobel da Paz e reformista Mohamed ElBaradei.

A concentração desta terça-feira está programada para às 12h (8h de Brasília) na praça Tahrir, epicentro dos protestos, mas não descartam que haja outros locais com concentrações de egípcios contra o governo ditatorial.

Na semana passada, o grupo contou principalmente com a internet e as redes sociais para divulgar as manifestações. Mas com a censura à rede imposta pelo governo, há dúvidas de como a notícia correrá pelo país.

O Movimento 6 de Abril e os outros grupos de jovens que apoiam esta organização realizarão nas próximas horas uma reunião para preparar os atos desta terça-feira e redigir um comunicado que será distribuído na praça Tahrir. A praça está sob forte proteção do Exército, que tenta impedir aglomerações.

O porta-voz do grupo desmentiu relatos de uma greve geral para esta segunda-feira, como divulgaram alguns meios de comunicação, e assinalou que esse pedido está vigente desde o início dos protestos populares, na terça-feira passada.

A rotina no Egito foi prejudicada tanto pelos protestos quanto pelo toque de recolher imposto na sexta-feira à noite e estendido neste fim de semana das 15h (11h de Brasília) às 8h (4h de Brasília).

DIÁLOGO

Um dos líderes da Irmandade Muçulmana, Mahmoud Ghazali, afirmou à agência de notícias Efe que o vice-presidente Omar Suleiman e o premiê Shafiq "são os pilares do regime e participou de sua injustiça e corrupção, e suas mãos nunca se reforma ou a democracia". O grupo, considerado o maior de oposição, quer formar um Estado islâmico no Egito.

Na noite passada, Mubarak instruiu Shafiq, o primeiro-ministro empossado no último sábado, a iniciar um diálogo com a oposição para promover a democracia no país, informou a televisão pública.

"Nós só queremos falar com o Exército, o único no qual as pessoas confiam, para chegar a um acordo sobre a transferência de poder de forma pacífica", disse Ghazali, acrescentando que a proposta de Mubarak 'vem muito tarde'.

"O povo rejeitou todos esses rostos de Mubarak, Suleiman e Shafiq", disse.

O líder da Irmandade insistiu que o único pedido do povo continua a derrubada do regime. Ele alertou que, se Mubarak não deixar o cargo, os cidadãos continuarão nas ruas para derrubá-lo.

A oposição egípcia anunciou neste domingo a criação de uma comissão que inclui, entre outros grupos, a Irmandade Muçulmana e a Assembleia Nacional para a Mudança, liderada por ElBaradei, com a missão de se aproximar dos militares e criar pontes de comunicação.

Marco Longari/AFP
Tanque do Exército passa em frente às pirâmides; polícia volta às ruas da capital Cairo
Tanque do Exército passa em frente às pirâmides; polícia volta às ruas da capital Cairo
 

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