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09/03/2011 - 17h43

Chanceler de Portugal se reúne com emissário líbio em Lisboa

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Um enviado do ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, se reuniu nesta quarta-feira com o ministro de Relações Exteriores de Portugal, Luis Amado, em Lisboa, para explicar a visão de Trípoli sobre o conflito no país do norte da África. O encontro ocorreu no mesmo dia em que o governo líbio parece ter cedido à diplomacia, enviando emissários para reuniões no Cairo, com líderes do Egito, e em Bruxelas, com líderes da União Europeia e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

As viagens também ocorrem em mais um dia de confrontos violentos e bombardeios ao polo petroquímico de Ras Lanuf, que deixaram a refinaria na cidade em chamas.

Um comunicado da Chancelaria portuguesa informa que Amado "teve uma reunião informal em um hotel de Lisboa com um emissário líbio, a pedido deste, para receber informações sobre a situação na Líbia".

O comunicado não nomeia o enviado e não dá outros detalhes sobre a reunião, dizendo apenas que ela faz "parte da preparação das reuniões extraordinárias do Conselho de Relações Exteriores da União Europeia e no Conselho Europeu, que serão realizadas nos próximos dias".

Portugal irá presidir o comitê do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre sanções contra a Líbia, que terá início nesta semana.

Uma fonte em Bruxelas falou à agência de notícias Reuters, sob condição de anonimato, que o emissário era um membro moderado do governo de Gaddafi. O avião que transportou o líbio até Lisboa teria feito uma escala em Malta, segundo fontes.

Amado viajará a Bruxelas nesta quinta-feira (10) para participar da reunião do Conselho de Relações Exteriores da UE, que discutirá a situação na Líbia.

Mais cedo, o chanceler italiano, Franco Frattini, afirmou que as reuniões com os emissários líbios em Bruxelas devem acontecer nos próximos dois dias.

"Duas aeronaves do regime líbio parecem ter deixado a Líbia rumo a Bruxelas com a intenção de enviar emissários de Gaddafi para se encontrarem com representantes que participarão das reuniões da UE e da Otan amanhã e no próximo dia", disse o ministro, em referências à cúpula da UE e da aliança atlântica sobre a crise líbia.

Frattini não deu mais detalhes sobre a reunião, e um porta-voz da Chancelaria italiana afirmou que ele não tem mais informações sobre os voos do que já havia sido reportado na imprensa.

O ministro afirmou, contudo, que as visitas ao Cairo e Bruxelas sugerem que a situação está muito fluida e alertou contra qualquer ação prematura. "Eu não sei com quem eles vão se encontrar em Bruxelas, mas estes movimentos são um gesto que devemos considerar", disse.

A rede de TV Al Jazeera afirma que o premiê do Egito, Essam Sharaf, já se reuniu com um representante do governo líbio que voou ao país em um jato privado. O general Abdulrahman bin Ali Al Saiid Al Zawi, membro do círculo íntimo do ditador Muammar Gaddafi, teria chegado ao Cairo com uma mensagem de Gaddafi ao governo do país vizinho.

O general Zawi é responsável por questões de logística e abastecimento das Forças Armadas líbias. Trípoli não confirmou a visita ou a missão do general no Cairo, mas fontes da embaixada dizem que ele leva uma mensagem do ditador Gaddafi.

Não houve contato público entre o regime líbio e os generais que assumiram o poder no Egito após a queda do ditador Hosni Mubarak.

A Al Jazeera afirmou que outros dois jatos privados da família Gaddafi passaram pelo espaço aéreo europeu com destino a Viena e Atenas. Sem saber quem estava dentro dos jatos, a notícia levou a especulações de que o próprio ditador teria deixado o país.

DIPLOMACIA E REVOLTA

A comunidade internacional se mobiliza para aprovar no Conselho de Segurança da ONU a proposta de criar uma zona de exclusão aérea na Líbia, que impediria a Força Aérea leal a Gaddafi de bombardear os rebeldes.

Gaddafi reagiu duramente e alertou, em entrevista ao canal de notícias estatal da Turquia TRT, que o povo líbio lutará contra as potências do Ocidente se elas tentarem impor a medida.

O Reino Unido e os Estados Unidos discutiram uma zona de exclusão do espaço aéreo com apoio internacional, caso Gaddafi se recuse a renunciar após a revolta popular que irrompeu em meados de fevereiro.

"Se eles tomarem tal decisão será útil para a Líbia, porque o povo líbio verá a verdade, que o que eles querem é controlar a Líbia e roubar nosso petróleo", disse Gaddafi.

"O povo líbio vai se preparar para lutar contra eles", disse Gaddafi. A entrevista foi realizada em árabe, com legendas em turco.

O presidente norte-americano, Barack Obama, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, concordaram durante uma conversa telefônica em "seguir adiante com o planejamento, incluindo a Otan, para todo o espectro de respostas possíveis, incluindo a vigilância, assistência humanitária, a imposição de um embargo de armas, e uma zona de exclusão aérea".

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, deixou claro que Washington acredita que qualquer decisão para impor uma zona de exclusão aérea sobre o país seria um assunto da ONU e não uma iniciativa liderada pelos EUA.

FRANÇA E OS REBELDES

Na tarde desta quarta-feira, o Palácio do Eliseu confirmou que o presidente francês, Nicolas Sarkozy, irá se reunir com dois emissários da liderança rebelde líbia na véspera da reunião da UE.

Um comunicado do governo diz que o encontro irá permitir uma "chance de discutir a situação geral da Líbia, e em particular a situação humanitária e as ações do [rebelde] Conselho Nacional Líbio".

Um funcionário do Palácio do Eliseu afirmou ainda que a França não recebeu pedidos de reunião com enviados de Gaddafi e que, em qualquer caso, "não há muito entusiasmo" de encontrá-los.

 

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