Em feira de turismo, estande da Líbia só atrai jornalistas

A crise na Líbia esvaziou a participação do país na ITB, uma das maiores feiras de turismo do mundo, que começou ontem em Berlim. Das 12 empresas do país inscritas no evento, só duas apareceram.

"Só consegui vir porque estava com o visto em dia. Os outros não conseguiram sequer dar entrada no pedido, porque as embaixadas estão fechadas", contou à Folha Mohamed Zaglout, da operadora de turismo Africana.

Ele disse que os confrontos paralisaram o ainda incipiente turismo no país, que tem como principais atrações os sítios arqueológicos na costa do Mediterrâneo e o turismo de aventura no deserto. Sua empresa, que no mês de março costuma receber cerca de mil visitantes, teve todos os pacotes cancelados.

	Fabrizio Bensch/Reuters
	Visitantes fazem perguntas sobre a Líbia em estande de feira internacional de turismo, em Berlim

A crise também frustrou os objetivos do executivo na ITB. "Acertamos nossa participação na feira há seis meses, com planos de fechar contratos com várias operadoras, mas até agora só falei com jornalistas", disse. "Duvido que consiga fechar alguma coisa para os próximos meses. O plano agora é tentar trabalhar o ano que vem."

Já o Egito, com mais tradição no turismo, tentou transformar a onda de protestos que derrubou Hosni Mubarak em atração. Por todo o estande era possível ver, além de fotos das pirâmides e das praias egípcias, referências a episódios recentes.

"Revoluções pacíficas também são possíveis", diziam banners pelo pavilhão, enquanto um vídeo intercalava cenas dos protestos com declarações de personalidades exaltando a atuação da população no episódio. Entre eles, o presidente americano, Barack Obama, e o escritor brasileiro Paulo Coelho.

O país, no entanto, ainda sofre com a queda no fluxo de visitantes. Ahmed Ezzat, diretor da rede de hotéis Sindbad Club, disse que a ocupação nas suas três unidades, que sempre beira os 100%, atualmente está em torno de 20%.