Mesmo com mensalidades a conta não fecharia, diz leitor sobre crise na USP
A reportagem "Mensalidade na USP poderia ser paga por 60% dos alunos" é muito oportuna. Vale notar que, ainda assim, a conta não fecharia. O custo por aluno está muito alto, indicando um problema típico de gestão. O que devemos discutir é se é justo que o cidadão que não estuda, nunca estudou nem nunca vai estudar na USP seja obrigado a custeá-la.
RODRIGO ARANTES DO AMARAL (São Paulo, SP)
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Com o meu doutorado na USP consegui, sim, um bom emprego. Mas pago segurança privada em meu condomínio, plano de saúde, plano de previdência, escola privada para minha filha, sustento meus pais e 27,5% do meu salário vai para o Imposto de Renda. Eu já não financio o Estado? Querem que eu dê mais dinheiro?
NILTON HERNANDES, jornalista e doutor em semiótica e linguística pela USP (São Paulo, SP)
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Os mais ricos são pães-duros ao entrar e ao sair da universidade: lutam para não contribuir com mensalidades e se negam, quando formados, a fazer doações espontâneas. Nos Estados Unidos, as instituições públicas cobram mensalidade, e seus egressos, quando bem-sucedidos, fazem doações, independentemente de incentivos fiscais.
FREDRIC M. LITTO, professor emérito da Escola de Comunicações e Artes da USP (São Paulo, SP)
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A USP já passou por outras crises sem ter o nível de exposição negativa que tem agora. Ninguém pode negar que parte dos alunos vem de bons colégios particulares. Mas a questão deveria ser o sucateamento do ensino básico público nas últimas décadas.
WALDIR CALDEIRA, funcionário do Instituto de Biociências da USP (São Paulo, SP)
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A gratuidade do ensino superior público existe para que o conhecimento produzido não se traduza em benefícios individuais, mas, sim, sirva à toda a sociedade. A USP é, de fato, altamente elitizada. Por isso deve-se defender medidas afirmativas efetivas como cotas sociais e raciais, em vez de tomar medidas que mantenham essa elitização.
DANIEL AVELAR GUIMARÃES, estudante de relações internacionais da USP (São Paulo, SP)
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Cobrar mensalidades não contribui para aumentar o acesso das camadas mais pobres da população à USP. Ao contrário do que propõe o editorial "A USP e seu tabu", é necessário romper o tabu do limite das alíquotas do Imposto de Renda.
JOÃO ZANETIC, professor do Instituto de Física da USP (São Paulo, SP)
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Não entendo porque toda a polêmica sobre cobrança de mensalidade nas USP. Como pai eu quero o melhor para meu filho, e se a melhor universidade do Brasil é a USP, então é para lá que ele deve ir. Se ela é gratuita não é culpa dele nem minha. Se a USP quer cobrar, aceito pagar, embora acho que pago impostos suficientes para que o meu filho tem o direito a uma universidade de qualidade. Onde está o problema? Num país ideal não haveria discussão pois o governo cuidaria do ensino público de qualidade desde a base. Resta saber até quando a USP será a melhor do Brasil, já que acaba de perder sua colocação como a melhor da América Latina.
WALTER VAN HALST (Ponta Grossa, PR)
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Essa história de que os estudantes ricos sempre representaram a maioria dos aprovados na USP não justifica que paguemos a conta parar eles. Afinal, tiveram o privilégio de frequentarem os melhores cursinhos para o vestibular, e tiveram tempo de sobra para estudar. O que dizer dos que sempre trabalharam oito horas por dia, sem ter tempo suficiente para estudar? Isso é justo?
CONRADO DE PAULO (Bragança Paulista, SP)
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Boa parte da receita das grandes universidades americanas vem de doações de seus ex-alunos, que reconhecendo a importância fundamental da boa educação no seu sucesso profissional, retribuem generosamente às suas universidades. Se um aluno da USP quiser pagar mensalidade ele não encontrará mecanismos para isso e se quiser, depois de formado, retribuir a USP com uma doação, terá que pagar pesados impostos.
MÁRIO BARILÁ FILHO (São Paulo, SP)
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