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24/08/2012 - 11h13

Personagens de Jorge Amado viraram referência da Bahia, diz leitor

LEITOR VINÍCIUS BERNARDES MONDIN GUIDIO
DE SÃO PAULO

No seio baiano emergiu aquele que veio a ser um dos maiores escritores do país. Com uma narrativa leve e bem humorada, Jorge Amado conquistou a nação com suas histórias corriqueiras e apimentadas. No berço do cacau, em meio a coronéis e prostitutas, criou uma ponte entre a realidade e a imaginação. Construindo um universo que, apesar de fictício, tornou-se tão verossímil.

Progressista nato, Jorge nunca escondeu aquilo que defendia. Já tendo sido preso e procurado nos tempos da repreensão militar, procurou por meio daquilo que mais amava transmitir seus ideais.

Por meio dos livros e personagens tão bem construídos, fundamentou a liberdade do homem e da mulher, procurando acabar com as barreiras do preconceito ainda existentes.
Em meio às tradições e influências do candomblé e orixás, estabeleceu cenários que, assim como desenhos, coloriram-se na nossa imaginação. Ambientes inteiros que proporcionaram ao leitor a sensação de vivenciar as cenas propostas.

Em cada página nos reservava uma surpresa, uma virada. E assim como diz a velha canção de Raul Seixas, "uma metamorfose ambulante...".
Histórias que construíram verdadeiros retratos da sociedade. Seja com acertos ou defeitos sociais, contrastou os pontos de vista atuais com os de décadas passadas.

Geraldo Ataíde - 16.ago.92/France Presse
Jorge Amado observa o Pelourinho, em Salvador
Jorge Amado observa o Pelourinho, em Salvador

A liberdade feminina que ganhou força nos anos 70 também foi tema para suas histórias. Na personagem Malvina do livro "Gabriela, Cravo e Canela", Jorge mostrou a submissão da mulher e o surgimento de novos ideais, em tempos que o poder concentrava-se nas mãos dos antigos coronéis. Revelando que devido à perpetuação de tais pensamentos, elas conquistaram direitos político-sociais semelhantes aos masculinos.

A Bahia e seus mistérios possibilitaram a criação de mais de trezentos personagens, dentre eles, alguns que apesar de simples tornaram-se clássicos atravessando décadas e mesmo assim permanecendo no coração do povo brasileiro.

Gabriela, Teresa Batista, Nacib, Quincas Berro d'água, além de muitos outros que marcaram a obra do autor, tornam-se referência não só da simplicidade do povo, como do estilo literário adotado por ele.

Jorge sempre foi um escritor que se baseou em fatos reais, escrevia aquilo que via e ouvia, apimentando algumas partes. Dizia seus personagens tinham vontades próprias, tendo o poder de realizarem aquilo que lhes fosse mais conveniente.

Por meio desse olhar, que dava a seus personagens tamanha liberdade, Jorge os fez tão vivos e marcantes, que transmitiu a sensação de realidade a quem leu.
Na Bahia corriqueira e seu povo multicultural, surgiu a inspiração que consagrou esse grande mestre. Tornando-o símbolo de uma nação, e fazendo com que neste ano que completaria 100 anos de existência, seja lembrado pelas marcas e o legado que deixou.

 

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