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19/10/2012 - 14h13

Leitora grita em latim para afastar suspeito que a seguia

LEITOR LUCILIA COSTA
DE SÃO PAULO

Sou do tempo em que as palavras possuíam acentos, hífens, etc. No meu tempo de ginásio, palavra hoje extinta, se estudava o francês, o inglês,o espanhol (caperucita, la mas pequeña de mis amigas...Idel Becker) e, sobretudo, o Latim.

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Lembro-me de ficar horas a declinar rosa, rosae, rosae, rosarum, etc. Deve ser por este motivo que me irrito quando ouço as pessoas falarem Cisar Hotel em lugar de Caesar Hotel. Chego a pensar que imitam o ator Richard Burton dizendo Ave Caesar que corresponde, é claro, a César. Bem, isto fica para lá porque o que me leva a dar muita importância ao latim é o fato a seguir.

Criança quando tem febre não escolhe a hora. Estava eu tomando conta do meu neto de quatro anos quando percebo pelo seu estado irriquieto que estava com febre.

Em casa de velhos tem remédio para tudo, menos uma insignificante aspirina infantil. Vasculho todo meu arsenal farmacêutico e nada encontro para abaixar a febre do menino.

Olho para o relógio, já são 23 horas e ainda assim tenho que sair para a farmácia mais perto em busca deste pequeno antitérmico (no meu tempo com hífen). Visto-me correndo, desço pelo elevador e, caminhando apressadamente pela rua, sinto que alguém aperta o passo tanto quanto eu.

Coisas terríveis passam pela minha cabeça e logo penso em com quem ficará o pequeno se eu acaso não voltar. Aperto mais o passo e vislumbro o neón de uma farmácia.

Sinto que o fulano está quase me alcançando (até hoje não sei se ele também estava em busca de uma aspirina infantil) e o medo, tomando conta de mim, faz-me buscar "nos recônditos da alma", de uma forma tremendamente significativa, o latim.

Olho para trás e berro a todos pulmões: Quousque tandem abutere óh Catilina patientia nostra. O homem, desarvorado, arregala os olhos para mim e grita ainda mais alto: Saravá, minha irmã, saravá, minha irmã-- e sai de pinote benzendo-se rua afora.

 

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