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11/12/2012 - 17h38

Operação na cracolândia apenas espalhou usuários, critica leitora

LEITORA THAIS PREGUN BOZZI BENATTI
DE SÃO PAULO

Sou moradora do bairro Santa Efigênia ou, em outras palavras, a cracolândia, esse mundo marginal itinerante que nos últimos seis meses vi mudar de endereço no mínimo quatro vezes.

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Em parte, essa movimentação dos viciados se dá em virtude da "ação" que a polícia e a Prefeitura de São Paulo iniciaram esse ano com o intuito de extinguir esse problema que acomete a cidade. Contudo, esta "ação" da polícia poderia se chamar "Operação Espalha", pois o que vejo todos os dias são as autoridades tocando os usuários de drogas do local onde estão aglomerados e, minutos depois, eles retornam como se nada tivesse acontecido.

Até o momento, não vi uma operação policial que vise proteger os moradores do bairro, que se veem à mercê dessas pessoas que degradam o centro de nossa cidade. Cabe a cada morador andar com insegurança nas ruas, segurando suas bolsas com força e torcendo para não ser assaltado por esses marginais.

Danilo Verpa-9.jan.2012/Folhapress
Policial militar de moto intimida usuários de crack na esquina das ruas Guaianazes e Aurora, no centro de São Paulo
Policial militar de moto intimida usuários de crack na esquina das ruas Guaianazes e Aurora, no centro de SP

Toda vez que surge este assunto é levantada a bandeira de que essas pessoas, usuárias de drogas, são doentes, que perderam seu poder de escolha e, portanto, devem ser tratados como coitados. Sem dúvida são doentes e o lugar de doente não é na rua, mas, sim, em um local apropriado para curar sua enfermidade.

Posso dizer também que nunca vi um órgão governamental, prefeitura, polícia ou qualquer outra entidade, partir em defesa dos moradores do centro de São Paulo. Nada é feito em relação à vida e à rotina das pessoas que residem nos arredores da cracolândia e que, diariamente, são obrigadas a driblar esta situação que literalmente está na sua porta.

Na segunda-feira (10), liguei no "Fale Conosco" da Secretária dos Direitos Humanos para denunciar a situação da cracolândia e questionar se isso não fere meus direitos de cidadão. O atendente informou que este órgão não acata este tipo de denúncia e, diante de tal afirmação, entendo que não tenho o "direito humano" de ter uma solução para este problema, de poder ir e vir sem medo, de ter paz para dormir, de abrir a janela da minha casa sem ver tamanha degradação das mais de cem pessoas aglomeradas no meio da rua.

Interessante que na Declaração Universal dos Direitos Humanos conste que "devem assegurar às pessoas o direito de levar uma vida digna". Isto é: "com acesso à liberdade, ao trabalho, à terra, à saúde, à moradia, a educação, entre outras coisas". E isso, pelo jeito, é assegurado apenas aos usuários de drogas da cracolândia, pois todas as ações policiais são marcadas por críticas à falta de cuidado para com estas figuras.

A cracolândia não está mais escondida nas ruas escuras do centro de São Paulo. Hoje ela está a vista de todos na movimentada e iluminada praça Júlio Mesquita, ao lado da famosa avenida São João.

 

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