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28/12/2008 - 02h30

Muro da USP, Natal, Criacionismo

da Folha Online

Muro na USP

"Estimado jornalista Clóvis Rossi, que bom que nos dias 24 e 25 de dezembro sua coluna na Folha aponte questões da nossa cidade. A convivência de grandes grupos humanos em cidades exige um novo paradigma de entendimento, em que o patrimônio paisagístico, visual e estético são componentes de valorização e equilíbrio sanitário, psíquico e social.
Vivemos em um município de mais de 11 milhões de habitantes. A Lei Cidade Limpa, além da coragem da efetiva aplicação da norma, inclui variáveis de ordem visual, olfativa, auditiva, bem como de comportamentos ambientais e também dos córregos limpos. É um passo significativo para resgatar espaços públicos de convivência coletiva com efeitos sistêmicos provavelmente sequer previstos. A queda do muro da USP - que certamente não é para vedar ruídos - está na linha de provocar impactos visuais de efeitos positivos a todos os paulistanos que por ali circulam.
É importante que a cidade seja abordada numa perspectiva sistêmica, não separando o 'centro' da 'periferia'. Os excluídos de viver no centro, mas que ali trabalham, foram empurrados para áreas cada vez mais distantes devido à urbanização perversa. O câncer predatório da urbanização inadequada foi comendo as áreas agrícolas, os córregos, os mananciais e as represas, mudando a paisagem. Os 'muros legais' (normas, leis, poder público) foram impotentes, não aceitos e desrespeitados, ameaçando a convivência humana.
É discutível a afirmação de que 'ninguém tem grana para gastar em arquitetura sem função' (os arquitetos e engenheiros foram desafiados). É conhecido que, com menos custo, é possível construir residências mais belas e seguras, basta constatar o custo das áreas de risco para a prefeitura, podemos construir um visual diferente da 'estética de periferia' que se caracteriza pelo visual inacabado. Com cal e colorante seria possível fazer uma 'revolução de cores', pintando as fachadas, valorizando as regiões, aumentando a auto-estima com efeito estético e até, por que não, terapêutico.
A proposta de uma estética urbana poderia começar com:
1) Para o centro histórico ou determinados bairros, a prefeitura descontaria uma porcentagem do IPTU para todos os edifícios que pintem suas fachadas a cada três anos. Além disso, aumenta a produção de tintas gerando mais empregos e impostos, o que pode ser bom em tempos de crise.
2) Para os bairros novos (os denominados periféricos), o mesmo desconto para quem paga IPTU. Para quem não paga, doar cal e colorante com assessoria paisagística mediante pactos locais em base os princípios ganha-ganha.
Sou cidadão ainda otimista sobre o futuro da espécie mais destruidora e construtiva do planeta. Espero que o secretário Matarazzo, os arquitetos da USP e sua coluna contribuam ainda mais para buscar soluções de convivência na cidade. Parelheiros, um quarto do território do município, se propõe como piloto de uma 'estética de enclaves urbanos' ou 'ecovilas' nos mananciais da cidade. Você esta convidado, inclusive o secretário Matarazzo, para visitar essa desconhecida 'Amazônia paulistana'. Esse seria um presente de Natal a Parelheiros, que é o maior produtor de Tuia (árvore de natal) da cidade e tem um bairro chamado Papai Noel."

WALTER TESCH, subprefeito de Parelheiros e ex-membro do Conselho da USP (São Paulo, SP)

*

"Por que o arquiteto e mestre da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP não se preocupa em 'derrubar barracos' em favelas e, no lugar destas, construir moradias decentes? Assim, seria mais digno 'cair o muro' que separa a família do direito de cidadania do que simplesmente tirar uma parede que nada vai acrescentar na vida social das pessoas cidadãs."

LUÍS CARLOS FRANÇA GUIMARÃES, arquiteto (São Vicente, SP)

*

"Concordo com o secretário municipal Andrea Matarazzo quanto à alçada de uma eventual obra no local. A USP é estadual, e a reforma, se não partir da Prefeitura da Cidade Universitária, não teria amparo legal.
Moro no Jabaquara e trabalho no Ipiranga. O tal muro da USP não me incomoda, mas se para reformar os 2.500 m o dinheiro sair do meu bolso, me sentirei incomodado, pois o custo da demolição e reconstrução em materiais e homens sairá de imposto que poderia, por exemplo, ser usado na compra de computadores para os alunos ou demais benfeitorias dentro da própria universidade.
O custo poderia ser dividido entre os que apóiam a reforma, e não do povo por intermédio da USP, que não se manifestou nesse sentido. Aproveito para sugerir também que se reforme o muro do vizinho Jóquei Clube, de igual estética."

FERNANDO KOITI (São Paulo, SP)

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Natal

"Emocionante o artigo do dr. David Oliveira de Souza ('As manjedouras estão aumentando', 'Tendências/ Debates', 25/12). Na manhã de Natal, o texto nos faz refletir sobre nossa condição humana e sobre a necessidade da solidariedade, tolerância e, acima de tudo, da luta por um mundo melhor e mais justo, para que se façam garantir os direitos - a todos - da Declaração Universal dos Direitos Humanos citada pelo dr. Souza. Precisamos, desprendidos de nossas posses e em ato de humildade e amor ao próximo - como as pessoas ligadas ao movimento MSF -, agir para que a justiça social prevaleça. Parabéns ao dr. David Oliveira Souza e à Folha por nos presentear com um belíssimo artigo no Natal."

MICAELA DEYUST DOS SANTOS PINCINATO (Jundiaí, SP)

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Criacionismo

"A discussão sobre a teoria do criacionismo continua dando o que falar. A polêmica em torno do assunto foi gerada depois que uma conceituada escola de São Paulo incluiu o ensino do criacionismo no seu currículo escolar, o que causou protestos. Acho que, assim como a teoria da origem dos seres por criação merece ser discutida nas escolas, também a teoria da evolução espontânea deve ser difundida, para que as novas gerações não se limitem apenas a acreditar, mas, principalmente, a compreender. Nos últimos dias, não tem faltado opinião sobre o assunto, embora muitas delas desencontradas. Pessoas condenam a evolução das espécies pela alegação de que ninguém viu acontecer, ao mesmo tempo em que manifestam sua crença num Deus que criou o mundo em seis dias, como se tivessem presenciado o acontecimento. Desafiaram o status da ciência evocando passagens bíblicas, como se esse livro, metafórico, também não fosse uma coletânea de informações mal interpretadas. Se o assunto precisa ser esclarecido, então merece, de fato, um lugar nas escolas, mas não apenas para defender a teoria do criacionismo e as invencionices dos nossos antepassados, mas para fazer compreender o assunto.
Nossos antepassados fizeram muitas descobertas e elaboraram muitas leis. Mas, também, inventaram muitas histórias fabulosas. E entre suas histórias, a existência de um Deus criador de todas as coisas foi a que mais contribuiu para o atraso da humanidade através dos tempos. Uma história que proliferou inúmeras seitas religiosas, cada uma com uma teoria diferente, fazendo as pessoas acreditarem num Deus que criou o mundo e que vai livrar o homem de todos os perigos.
O homem precisa se convencer de que a única religião aceitável para ele é a da compreensão. Compreender que não pode mais viver traído como um beija-flor enganado com a flor artificial colocada em frascos com água açucarada; compreender que está na hora de romper com esse pensamento atrasado; compreender que deve esquecer os caprichos que os fizeram acreditar mais no poder da fé do que em seu próprio poder; compreender que somente o poder do homem pode curar; compreender que poderá produzir muito mais unindo suas forças às de outros para aplicar os conhecimentos e as técnicas que a ciência e a prática ensinaram; compreender que não pode viver como primitivo crendo em coisas abstratas; e compreender a necessidade de empregar suas idéias para fazer a paz e viver em harmonia. Compreendendo, talvez as próximas gerações se convenção de que não foi Deus quem criou o homem, e sim o homem quem criou Deus com a intenção de ganhar a vida através dessa mentira lucrativa inventada pelos antigos alquimistas da fé e seguida pelos modernos executivos dessas tais crenças religiosas. O homem nunca vencerá as dificuldades do seu mundo acreditando em deuses imaginários e entregando-se a crenças que só contribuíram para estimular o pensamento humano a fazer guerras.
A grande ameaça do ser humano no momento é a fome. Porém, todo esforço que o homem fizer para vencer esse perigo será mais racional do que esperar que um deus qualquer venha multiplicar pães para tanta gente."

FRANCISCO RIBEIRO MENDES (Brasília, DF)

 
 

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