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25/04/2011 - 02h30

Casamento, Bebê, Burca, Aposentadorias, Cony, Trump

DE SÃO PAULO

Casamento

O atual conto de fadas virtual globalizado que o casamento do príncipe herdeiro inglês está proporcionando é emblemático. Retrata tal fato a necessidade que nós temos de vivenciar fantasias, agora potencializadas por veículos de comunicação planetários, para enfrentar a luta diária de sobrevivência nestes tempos de crise sistêmica em todos os setores da vida humana.

JOSÉ DE ANCHIETA NOBRE DE ALMEIDA (Rio de Janeiro, RJ)

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O casamento real, embora repleto de pompa, não será suficiente para fazer esquecer as dificuldades do povo europeu e a grave situação que se alastra. O mundo até poderá parar alguns minutos para assistir à bela cerimônia, mas não será uma cortina de fumaça para encobrir e apagar os aspectos negativos que inundam a Europa e colocam em risco a unidade da moeda. Embora a Inglaterra não se inclinasse a favor do euro, poucos países europeus conseguem atingir as metas planejadas e reduzir o deficit público. O que vemos é um crescimento pequeno e um desânimo geral. Daí a razão pela qual o casamento real entra no cenário para transmitir momentos de euforia da realeza, em contraste com a miséria e pobreza dos súditos.

YVETTE KFOURI ABRÃO (São Paulo, SP)

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O sr. Elio Gaspari tem todo o direito de ser simpático a Wallis Simpson, a duquesa de Windsor --uma das mulheres mais ardilosas do século 20, segundo seus próprios biógrafos, uma arrivista fútil e ambiciosa que sonhava ser rainha da Inglaterra. Mas não deveria induzir o leitor a crer que ela foi "vítima" e que sofreu no exílio como Leon Trótski --essa foi demais. Trótski teve a vida familiar destroçada ao ser obrigado a fugir (dois filhos assassinados pelos soviéticos), sendo ele mesmo assassinado de maneira brutal pelos agentes de Stálin. E não me consta que Trótski comprasse diamantes de Cartier no México. O próprio sr. Gaspari se contradiz em seu texto: a fabulosa coleção de joias da duquesa foi comprada com dinheiro da Grã-Bretanha, através da generosa pensão que recebia seu igualmente fútil e desnorteado marido, o duque, no "sofrido" exílio em Paris. A dupla sofredora tinha dinheiro e tempo bastante até para se encontrar com Hitler e seus asseclas, em mais um flerte mundano, dessa vez com o nazismo. A "vítima" da monarquia britânica mandava os criados passarem notas de dinheiro todos os dias. É direito do sr. Gaspari ser antimonarquista --eu também não admiro a desgastada instituição--, mas sua antipatia não pode distorcer os registros históricos.

TERESINHA BARROS DE SOUSA (Curitiba, PR)

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Bebê

Texto publicado no caderno Cotidiano do dia 23/4 trata de uma criança deixada em uma caçamba. O que me chamou a atenção foi que "o caso causou tanta comoção que até o policial que participou do resgate e as enfermeiras que cuidaram dela no hospital querem adotar a criança, segundo o Conselho Tutelar do município". O caderno destacou, no dia anterior, que "bebê deixado em caçamba tem fila para ser adotado".
Segundos dados divulgados pela ONG Associazione Amici dei Bambini, 72% dos brasileiros preferem adotar uma criança branca; destes, 67% querem que seja um bebê com cerca de 6 meses, sendo que 99% efetivam a adoção de crianças com até 1 ano de idade. Entre os estrangeiros, 48% aceitam crianças com até 4 anos e cai para 13% o número de pessoas interessadas em crianças com a pele clara.
Em que pese o emocionante gesto dos profissionais que cuidaram da criança e dos outros interessados, é preciso destacar que a fila de crianças de pele escura que aguardam a adoção faz parte de uma estatística perversa.

DAVID RAMOS CAMPOS (Campinas, SP)

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Burca

Parece que o cerne da questão em relação à burca é que a mortalha negra que envolve algumas muçulmanas pode ser interpretada, de maneira simbólica, como opressora. Assim como, algumas décadas atrás, uma minúscula película feminina chamada hímen oprimia milhões de mulheres.
Aparentemente, para alguns ingênuos, a mortalha significa fé religiosa, porém, como deixou evidente a procuradora Luiza Nagib Eluf, nada no Alcorão se refere ou indica que as mulheres, especificamente, devem demonstrar sua fé, perdendo sua identidade ou anulando-se sob um manto aterrorizante, criado culturalmente por uma sociedade machista.
A França tem autonomia para criar as leis que regem seu país, e não encontro intolerância religiosa no seu ato legal. Entendo, sim, que há uma certa generosidade em libertar aquelas mulheres, no seu próprio território, ao criar condições para que elas próprias reavaliem a sua condição de oprimidas religiosas. Talvez elas passem a refletir se a sua essência religiosa encontra-se na aparência ou se o seu valor e a sua dignidade femininas não estão abafadas, escondidas, submetidas sob as trevas de um "disfarce religioso".

ÂNGELA LUIZA S. BONACCI (São Paulo, SP)

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Luiza Nagib Eluf está perfeita em sua defesa da Lei Antivéu na França. Afinal, em nome da liberdade religiosa e das raízes culturais, deve-se permitir a mutilação sexual das meninas, a poligamia, o sacrifício de pessoas e animais? Ora, afinal, são raízes culturais. Numa hora dessas lembremo-nos do famoso pronunciamento do premiê australiano aos estrangeiros: eles não foram levados à força para lá e, se estão lá por vontade própria, devem aceitar as leis e os costumes da Austrália. Assim deve ser também na França, onde se proíbe que a mulher seja considerada uma sub-raça. Se as mulheres estrangeiras, em certos países árabes, são obrigadas a se cobrir, por que as mulheres árabes não podem adotar os costumes europeus? Lamentável chauvinismo.

LUIZ ANTONIO ALVES VITA (São Paulo, SP)

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Aposentadorias

Como pode existir em um sistema de Previdência distorção tão grande quanto a revelada em artigo deste jornal (Poder, pág. A6, 24/4). Ele revela que o deficit da Previdência do setor público chegou, em 2010, a R$ 51,2 bilhões para atender cerca de 950 mil servidores, enquanto que no setor privado o deficit foi de R$ 42,89 bilhões para bancar pagamentos a 24 milhões de pessoas.
Fazendo-se uma simples conta constata-se que cada servidor público contribui para este deficit com um valor de R$ 53.894,00, enquanto que para o trabalhador do setor privado este valor é de R$ 1.787,00, ou seja, 30 vezes menor! Agora pergunto, onde o governo deveria mudar as regras neste sistema para assim poder diminuir o tal deficit da Previdência?

WANDYR J. NASCIMENTO (Rio Claro, SP)

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Cony

Carlos Heitor Cony, no texto "A prece e o resultado" (Opinião, 24/4). espanta-se por que a cada século ou milênio nunca encontramos paz e alegria. Nem vamos jamais encontrar. Se esse tipo de prece que praticamos tivesse eficácia, há muitos séculos já não mais existiriam qualquer tipo de guerra ou doença. Reinariam harmonia e felicidade.
Antes, devemos aprender a praticar a prece da boa conduta, para depois nos habilitarmos à prece intuitiva. O psicanalista Erich Fromm afirma em um de seus livros, citando Victor Cherbulliez: "De 1500 a.C. a 1860 d.C. foram assinados nada menos de oito mil tratados de paz, cada um deles supostamente destinado a garantir uma paz segura, e durando cada um em média dois anos!"

RICHARD ZAJACZKOWSKI (Francisco Beltrão, PR)

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Trump

Parece piada, mas não é: o bilionário Donald Trump quer ser candidato a presidente dos EUA nas próximas eleições pelo Partido Republicano. O pior é que Trump tem chances reais de ser o escolhido pelos republicanos e até mesmo de vencer as eleições. É triste ver a decadência dos EUA em todos os campos --econômica, industrial, moral, intelectual, artística. Os EUA --país mais rico do mundo e que deu importantes contribuições na música, cinema, esporte, ciência e tecnologia-- perderam o rumo e logo serão ultrapassados pala China. Obama não cumpriu suas promessas e segue como parte do problema e da crise. O fato de alguém como Donald Trump ser levado a sério pelos americanos para a Presidência é apenas mais um indicador do enorme poço sem fundo em que os EUA se meteram.

RENATO KHAIR (São Paulo, SP)

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