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15/05/2011 - 02h30

Metrô, Etecs, Bin Laden, Kassab, Bolsonaro, Cartilha do MEC

DE SÃO PAULO

Metrô em Higienópolis

É inadmissível o poder público ceder a um seleto grupo de moradores em detrimento de toda uma cidade que já sofre com a falta de uma política eficiente de transporte público. São Paulo precisa de mais linhas de metrô.

FREDERICO PAULA (São Paulo, SP)

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Etecs

Gostaria de entender por que o governo de São Paulo está concedendo reajustes salariais diferenciados aos professores da rede estadual e das Etecs? Não são todos eles membros da área da educação? Não têm eles responsabilidades e deveres semelhantes? Primeiro o governo sugere um "aumento" parcelado em quatro anos aos professores estaduais. Eles também deveriam pagar seus impostos ao governo de forma parcelada? Que tal pagar IPVA dividido em quatro anos? Depois o governo sugere 11% de reajuste aos servidores das Etecs, justamente o carro eleitoral da campanha do PSDB. Governador, merecemos mais respeito! Assim o senhor subestima a nossa capacidade política!

FLÁVIA REGINA DO NASCIMENTO (Guarulhos, SP)

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Bin Laden

O secretário-geral da ONU perdeu uma boa oportunidade de ficar calado. Sua manifestação de que se considera aliviado com a execução de Osama bin Laden mostra que o ocupante de um cargo tão importante pelo visto não entendeu que a organização que dirige tem de ditar regras de comportamento às nações filiadas. Evidentemente que não se pode apoiar quem dirige organizações terroristas, mas quem o perseguia tinha a obrigação de prendê-lo, para submetê-lo a um julgamento público, o que não aconteceu. E o líder da ONU, por sua vez, deveria exigir explicações dos EUA em relação ao Iraque, onde já morreram milhares de pessoas. Foi uma invasão em desacordo a uma determinação do Conselho de Segurança da ONU. Não se fala mais no assunto desde que o fato ocorreu. E pelo visto já começaram as reações das organizações radicais, com dezenas de mortos num atentado do Afeganistão. A paz no mundo é um objetivo difícil de ser alcancançado. Mas não se pode desistir.

URIEL VILLAS BOAS (Santos, SP)

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Kassab

O nosso prefeito Gilberto Kassab realmente tem dificuldades para cumprir as metas prometidas, pois gasta boa parte de seu tempo, se não todo ele, em assuntos partidários, arrumando boquinhas para correligionários e comprando passes de políticos para o seu partido. Enquanto isso as metas de desenvolvimento da cidade ficam ao deus-dará. Basta uma volta por São Paulo para perceber o estado em que ela se encontra, menos, obviamente, o caminho habitual do prefeito e os locais agendados para as suas visitas. Assim, resta ao nosso prefeito criticar a ONG que ajudou a criar as metas de seu mandato em vez de ter trabalhado para cumpri-las e dar uma melhor qualidade de vida aos cidadãos de São Paulo. O articulista Fernando de Barros e Silva disse que o prefeito pode, impensavelmente, acabar como Celso Pitta. Eu tenho a convicção que ele já está terrivelmente abaixo do ex-prefeito.

ACACIO ANDRADE (São Paulo, SP)

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Até o próprio beneficiário, no caso o ex-senador Marco Maciel (PE), percebeu quão despropositado foi o convite para atuar em conselhos de importantes empresas municipais de São Paulo. Se tiver um mínimo de bom senso, o prefeito Gilberto Kassab tem uma excelente oportunidade de acabar com a vergonhosa prática de instalar aliados em conselhos de empresas públicas.

ABDIAS FERREIRA FILHO (São Paulo, SP)

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Bolsonaro

As atitudes transloucadas e preconceituosas do deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) devem ser repudiadas pela sociedade brasileira, pois elas contribuem para incentivar o preconceito contra os gays, que tanto sofrem pela ignorância manifestada por pessoas desprovidas de caráter social e ético. Bolsonaro deveria sim usar o Parlamento para representar seu povo, legislando em prol das causas sociais e em defesa dos excluídos do Rio de Janeiro. O partido ao qual ele é filiado deveria tomar providências, e o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados também precisaria tomar uma posição frente às bestialidades criminosas desse parlamentar, que se utiliza de gráfica do Congresso e de verbas públicas para praticar homofobia, distribuindo uma cartilha que ataca a comunidade homossexual brasileira. Este tipo de cidadão nos faz lembrar uma mente insana que se chamava Adolf Hitler.

CÉLIO BORBA (Curitiba, PR)

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Cartilha do MEC

Povo é o conjunto de pessoas que falam a mesma língua. Educar é instruir. A escola se presta a ensinar. Só mesmo na cabeça desvairada de alguns "educadores" é válido ensinar-se a forma incorreta de falar. Não se trata de erudição, mas sim do básico. E ainda falam em preconceito linguístico. "Eles" têm medo de um povo instruído?

LUIZ NUSBAUM (São Paulo, SP)

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Se perguntássemos ao dono da fábrica de cigarros o que ele acha sobre a restrição ou proibição do uso do seu produto, ele certamente diria que isso é uma afronta às liberdades individuais. Da mesma forma, se perguntamos a dois escritores que ganham a vida com a venda de manuais de gramática normativa o que estes acham sobre a orientação pedagógica que defende que a norma do escrever não se aplica necessariamente ao falar --e que, portanto, é possível dizer "os menino", mas somente escrever "os meninos"--, qual resposta poderíamos esperar? Nem o dono da fábrica de cigarros nem os dois escritores deste tipo de obra desejam que os seus "produtos" sejam utilizados com restrição: cigarros somente em lugares abertos e norma padrão somente nas situações formais da escrita. E, certamente, eles encontram razões objetivas para isso.
Não há canto no planeta onde falar seja idêntico a escrever. E mesmo a classe culta apaga esta distinção. Dentre os muitos casos que exemplificam esse fato em Português, poderíamos apontar o uso de pronomes oblíquos no Brasil. A norma dos manuais proíbe que um pronome como "me" inicie uma sentença ("Me fale mais de sua opinião sobre a união civil"). Ainda assim, muitas das entrevistas publicadas com o pronome posposto ao verbo certamente foram geradas a partir de sentenças feitas com a forma "errada", segundo os manuais disponíveis. Talvez não seja preciso lembrar que franceses escrevem o "s" final, também marca de plural, mas não o pronunciam, o que achamos "chiquérrimo".
Qual a diferença entre essa discrepância (da fala para a escrita) e a que existe quando o aluno fala "Os menino" e escreve "Os meninos"? Pierre Bourdieu explicaria de forma simples: o "erro" de concordância não faz parte do discurso dos que têm "autoridade legítima" ou, dito de outra forma, do discurso dos donos de um "capital lingüístico" capaz de impor suas verdades (incluído a sintática) como adequadas e corretas. Disso decorre a estigmatização da concordância "não-padrão" e uma maior aceitabilidade ou relativização da próclise nos contextos de oralidade. A primeira forma está associada à fala das camadas sociais com menos "capital social", e a segunda está na boca de muitos dos mais prestigiados em nossa sociedade.
Essa é aliás a razão pela qual, em muitas gramáticas, alguns fenômenos possam ganhar adendos à norma, atribuídos ao uso "informal", "cotidiano" ou "estilístico". Se não são formas que fazem parte do discurso de quem tem o "poder simbólico" --o poder de impor os seus signos como corretos-- são "erros"; se, ao contrário, são ditos por quem tem poder de impor seus "preços" (e "margens") no mercado lingüístico, podem ocorrer sem uma vigilância muito rígida por parte dos legisladores e fiscalizadores da Língua.
Sartre dizia que quando pedimos um conselho já fizemos nossas escolhas; só escolhemos os que nos darão o conselho que queremos ouvir. Muitos jornalistas parecem cair nesse mesmo processo, escolhendo os "especialistas" que necessariamente manifestarão as opiniões que o inquiridor queria ouvir, para apresentá-las como técnicas, isentas e "legítimas" --novamente no sentido dado por Bourdieu. O próprio título da matéria exprime isso: assume-se previamente que a variante "Os menino" é erro na fala, quando a postura isenta pediria um questionamento anterior: a norma prescrita vale para todos os contextos de fala? Mais um exemplo de manipulação que sempre acomete o jornalismo brasileiro. Infelizmente.

HÉLCIUS BATISTA PEREIRA, mestre e doutor em filologia e língua portuguesa pela USP (São Paulo, SP)

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