Incêndios florestais fizeram do Canadá um dos maiores emissores de carbono do mundo em 2023, diz estudo

Em meio à seca e ondas de calor, recorde de fogo no país no ano passado destruiu milhões de hectares de florestas boreais

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Manuela Andreoni
The New York Times

Os incêndios florestais que devastaram as florestas boreais do Canadá em 2023 produziram mais emissões de carbono, que aquecem o planeta, do que a queima de combustíveis fósseis de quase todos os países, descobriu uma pesquisa publicada na quarta-feira (28).

Apenas China, Estados Unidos e Índia produziram mais emissões derivadas de combustíveis fósseis do que os incêndios no Canadá, de acordo com o estudo, que foi publicado na revista Nature.

A imagem mostra uma área montanhosa em chamas, com fumaça densa subindo em direção ao céu. No primeiro plano, há várias casas localizadas na base da montanha, enquanto o fogo e a fumaça dominam a parte superior da imagem, indicando um incêndio florestal significativo.
Fumaça e chamas de incêndios florestais servem de pano de fundo para casas em frente ao Lago Okanagan em West Kelowna, British Columbia, Canadá - Dan Riedlhuber - 17.ago.2023/Reuters

Os incêndios do ano passado levantam a questão de quanto carbono as florestas absorverão no futuro, disseram os cientistas. Isso, por sua vez, pode tornar necessário reconsiderar os cálculos da quantidade de gases de efeito estufa que os humanos ainda podem adicionar à atmosfera sem elevar as temperaturas além das metas globais atuais.

A meta mais ambiciosa estabelecida no Acordo de Paris, de 2015, foi de limitar o aquecimento global a 1,5°C acima do registrado no período pré-industrial. Além desse limite, os cientistas dizem que será cada vez mais difícil para os humanos se adaptarem a um planeta mais quente.

As florestas boreais historicamente ajudaram a retardar as mudanças climáticas armazenando carbono à medida que as árvores crescem, em vez de adicionar dióxido de carbono à atmosfera. Embora o clima quente e seco que alimentou os incêndios no Canadá no ano passado tenha sido extraordinário em comparação com os registros históricos, as projeções climáticas sugerem que esse cenário se tornará comum na década de 2050 se o mundo continuar na trajetória atual de aquecimento global.

"Isso traz muitas preocupações sobre se esses incêndios ocorrerão com mais frequência", disse Brendan Byrne, cientista do ciclo do carbono no Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa em Pasadena, Califórnia, e um dos autores do estudo. "Isso poderia ter um grande impacto na capacidade dessas florestas de armazenar carbono."

As florestas absorvem cerca de um quarto das emissões globais de carbono. Mas os ecossistemas estão mudando de formas que os cientistas ainda estão tentando entender. Partes das florestas boreais no Canadá não estão se regenerando após incêndios como faziam no passado, em parte porque os incêndios estão queimando as árvores com tanta frequência e intensidade.

Os incêndios de 2023 têm o potencial de causar uma extensa falha de regeneração nas florestas boreais do Canadá porque as chamas engoliram grandes áreas de floresta jovem.

No ano passado, por exemplo, uma área total de floresta do tamanho dos Países Baixos queimou pelo menos pela segunda vez em 50 anos, de acordo com uma análise do Ministério de Recursos Naturais do Canadá, um departamento do governo federal. Algumas outras áreas queimaram pela segunda vez em 10 ou 20 anos.

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