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Jornalista, atuou como repórter e editor. É autor de "Dicionário Amoroso do Rio de Janeiro".

Descrição de chapéu violência

Brasil trocou o jeitinho pelo golpinho

O estelionato, com 2 milhões de casos, é o novo esporte nacional

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A Justiça começou a ouvir as testemunhas de acusação contra Glaidson Acácio dos Santos. Ele movimentou R$ 38 bilhões num esquema de pirâmide que ludibriou ao menos 89 mil pessoas. Por sua trajetória, o "Faraó dos Bitcoins" merece uma estátua (ou um obelisco com ponta em forma de pirâmide) para imortalizá-lo como herói nacional do país que trocou o jeitinho pelo golpinho.

Antes de virar faraó, foi flanelinha, carregador, garçom e pastor. Criado na Cidade de Deus, mudou-se para Cabo Frio e se casou com uma venezuelana que tinha expertise no mercado de criptomoedas. Arregimentou clientes nos templos da Igreja Universal, conquistando os colegas pastores que aplicaram a boa nova entre os fiéis. Pregando a teologia da prosperidade e o empreendedorismo, espalhou a bênção golpista pela Região dos Lagos e logo por todo o país.

O empresário Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como "faraó dos bitcoins", faz apresentação sobre sua empresa - Reprodução

Preso desde 2021, Glaidson também é acusado de homicídio. Em 2023 o Brasil registrou, segundo o Anuário de Segurança Pública, 46.328 mortes violentas intencionais. De estelionatos, foram quase 2 milhões, número bem à frente do de roubos, com cerca de um milhão de ocorrências nas delegacias. A explicação é que não se vai mais ao banco sacar dinheiro, dá-se um clique.

O mundo digital é o paraíso dos trambiqueiros, lugar onde se captura senhas de cartão de crédito e débito, aplicativos de compra e informações pessoais. O ardil do jogo do tigrinho é uma febre, e o governo ainda decidiu torná-lo legal. Há uma multidão de falsos médicos e falsos advogados, e sobretudo há a inteligência artificial, capaz de simular a voz de familiares. Sem falar na santa ingenuidade: uma aposentada de Caraguatatuba perdeu R$ 238 mil vítima de espertalhões que se passaram por Arnold Schwarzenegger, de quem a senhorinha era fã.

O golpinho é tão coisa nossa que Lula, quase impedido de assumir a Presidência, passa a mão na cabeça de Maduro e nem se ruboriza.

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