Experiência caótica na Inglaterra mostra que arbitragem eletrônica tem problemas
Uso de vídeos em jogos da Copa da Inglaterra para auxiliar árbitros mais confunde do que ajuda
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As recentes experiências com a utilização de árbitros de vídeo em jogos da Copa da Inglaterra foram caóticas, mostrando que a tecnologia não é a panaceia que muitos imaginam para o futebol.
Vários jogos da competição contaram com o auxílio da arbitragem eletrônica, ainda em fase de testes. Mas isso acabou confundindo mais do que ajudando.
Todas as partidas que utilizaram o recurso foram paralisadas várias vezes, causando tumulto e confusão. E o pior: os erros continuaram sendo cometidos.
Tudo muito parecido, portanto, com a lambança armada pelo juiz na recente final do Campeonato Paulista.
Os problemas nos jogos da Copa da Inglaterra foram tantos que na última sexta-feira os clubes decidiram vetar a introdução do árbitro de vídeo no campeonato inglês —de longe a melhor e mais competitiva competição nacional de futebol do mundo.
Os times querem mais tempo para que a tecnologia seja aperfeiçoada e os juízes, treinados.
Por isso, a arbitragem eletrônica vai continuar apenas na tradicionalíssima Copa da Inglaterra, o mais antigo campeonato do planeta.
Um dos péssimos exemplos de utilização do VAR (árbitro de vídeo, na sigla em inglês) aconteceu em pleno estádio de Wembley.
Na ocasião, o Tottenham venceu o Rochdale, da terceira divisão inglesa, por indiscutíveis 6 a 1. E a partida acabou entrando para a história do futebol inglês —não pelo placar dilatado, mas justamente pelas confusões geradas pelo VAR.
O juiz paralisou o jogo quatro vezes apenas no primeiro tempo para pedir consultas ao árbitro de vídeo em lances que envolviam possíveis pênaltis e impedimentos.
Numa das ocasiões, acabou sendo duramente criticado pela imprensa inglesa por ter anulado um gol do Tottenham que pareceu (mesmo na TV) ser legítimo.
O pior de tudo é que não houve comunicação nenhuma para a torcida. Ninguém no estádio sabia exatamente o que estava acontecendo e o jogo esfriava a cada interrupção.
Juízes aposentados afirmaram que o VAR pode ter aumentado a pressão sobre o árbitro. Sentindo-se obrigado a não errar de forma alguma, ele acabou decidindo paralisar o jogo a cada lance polêmico.
O resultado foi um show de críticas dos dirigentes, dos técnicos, das torcidas, da imprensa e dos jogadores. Ninguém ficou feliz.
O atleta sul-coreano Son Heung-min, do Tottenham, chegou a ironizar o VAR ao comemorar um de seus gols fazendo o sinal de TV para a torcida. Uma desmoralização.
Mas é claro que tudo isso pode ser melhorado. Um exemplo muito discutido na própria Inglaterra é o do rúgbi.
O segundo esporte nacional adotou há anos o uso do vídeo no auxílio aos juízes —que só interrompem o jogo em casos cruciais. As paralisações são claramente informadas para a torcida, que assiste ao replay da jogada nos telões do estádio.
No fim, o próprio juiz comunica sua decisão a todos através do sistema de autofalantes. Tudo claro, rápido e transparente.
E, como é norma de cavalheiros entre os atletas de rúgbi, ninguém discute a decisão final de sua excelência, o árbitro.
O futebol, no entanto, ainda precisa melhorar muito para chegar a este estágio.
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