Juiz foi avisado sobre pênalti por 4º árbitro que estava na lateral do campo

Partida ficou paralisada por oito minutos após árbitro marcar penalidade

Alex Sabino Luiz Cosenzo
São Paulo

Adriano de Assis Miranda, 38, foi o responsável por avisar o árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza que o atacante Dudu, do Palmeiras, não foi atingido pelo volante Ralf no lance mais polêmico do clássico deste domingo (8), realizado no Allianz Parque, pela segunda partida da decisão do Campeonato Paulista.

A jogada aconteceu aos 26 minutos do segundo tempo e o árbitro, que estava a menos de 10 metros do lance, marcou o pênalti com convicção. Ele, porém, demorou para receber a informação do quarto árbitro mesmo com o rádio comunicador que a equipe de arbitragem usa nos jogos.

Marcelo Aparecido só percebeu que o quarto árbitro o chamava após ser avisado pelo atacante Romero um minuto e dez segundos após a marcação do pênalti. Antes, porém, mostrou cartão amarelo para Balbuena por reclamação.

Assim que conversou com Adriano de Assis Miranda, o árbitro voltou atrás na sua marcação –dois minutos e 50 segundos após a marcação. O quarto árbitro estava na lateral do campo de ataque palmeirense a aproximadamente 20 m de distância da jogada. 

De acordo com a súmula oficial da partida, divulgada no site da FPF (Federação Paulista de Futebol), Marcelo Aparecido informou que não conseguiu ouvir a comunicação do quarto árbitro em razão do barulho no estádio.

“Devido os jogadores falarem comigo, os atletas reservas de ambas as equipes falarem simultaneamente com o quarto árbitro e também com o assistente um, sr. Anderson José de Moraes Coelho, bem como o barulho da torcida, eu não pude ouvir com clareza a informação do quarto árbitro”, escreveu Marcelo Aparecido na área de “ocorrências” na súmula da partida.

“Após conseguir me aproximar do quarto árbitro, o mesmo me disse as seguintes palavras: 'Marcelo, para mim ele toca na bola, mas a decisão é sua'. Devido o ângulo de visão do quarto árbitro ser lateral à jogada, e portanto melhor que o meu, acatei sua informação e marquei o tiro de canto", prosseguiu o árbitro no relato da súmula.

A Federação Paulista de Futebol não utiliza árbitros de vídeo em seus campeonatos.

A decisão do árbitro de voltar atrás gerou muita reclamação da diretoria e dos jogadores do Palmeiras. Logo após a equipe alviverde perder a decisão para o rival nos pênaltis, o presidente Maurício Galiotte e Alexandre Mattos, diretor de futebol, tiraram os atletas de campo antes da premiação.

A princípio, o clube anunciou que os jogadores, o técnico Roger Machado e a diretoria não iriam se pronunciar sobre a polêmica. O presidente, porém, voltou atrás e decidiu fazer um pronunciamento.

“Houve interferência externa. É uma vergonha, Campeonato estragado, jogado no lixo. Respeitamos o adversário, mas ninguém precisa passar por isso. Nem Palmeiras nem Corinthians nem outros clubes. O que digo ao torcedor palmeirense é: esqueçam o campeonato. O Palmeiras é muito maior do que o paulistinha. Nós vamos brigar por coisas grandes. Não vamos ficar preocupados com uma situação absolutamente vergonhosa”, disse o dirigente, que não respondeu perguntas dos repórteres.

Galiotte é defensor da utilização do árbitro de vídeo no futebol brasileiro. Em fevereiro, ele foi um dos sete defensores da implementação da tecnologia durante a disputa da Série A do Campeonato Brasileiro.
Por maioria de votos, porém, os clubes decidiram adiar a implementação por conta dos custos.

Após a final, cerca de cem palmeirenses depredaram a sede da Federação Paulista de Futebol, na Barra Funda. 

O escudo do Corinthians que estava na entrada da sede foi arrancado e jogado na rua. Foram atiradas pedras que quebraram vidraças do prédio. Segundo funcionários da entidade, os torcedores dispararam rojões dentro da garagem. Ninguém ficou ferido.

FPF

Quase quatro horas após o término da partida, a FPF divulgou uma nota sobre a polêmica no clássico e afirmou que o objetivo da arbitragem de não interferir no resultado do jogo foi alcançado em razão do trabalho da equipe de arbitragem.

De acordo com a entidade, a demorada para a anulação do pênalti aconteceu “por conta do tumulto criado pela marcação da infração”.

“A diretriz da arbitragem prevê que o árbitro, em todo lance com alta dificuldade, consulte toda sua equipe para, em conjunto, tomar as decisões corretas”, diz a nota. Veja a íntegra abaixo.

CONFIRA O COMUNICADO NA ÍNTEGRA DA FPF

"O departamento de arbitragem da FPF trabalha diariamente pela excelência. O intuito sempre foi de que a arbitragem não interfira nos resultados das competições. E esse objetivo foi alcançado.A decisão da arbitragem, de anular o pênalti que havia sido marcado equivocadamente, foi correta.

- O árbitro Marcelo Aparecido de Souza marcou a penalidade pela visão que tinha no momento do lance. Neste momento, o quarto árbitro Adriano Miranda o chama pelo rádio. 

- Por conta do tumulto criado após a marcação, há uma demora na correção da decisão.

- Assim que os árbitros se reúnem, Miranda reafirma que o jogador Ralf tocou a bola antes. 

- A decisão é corrigida e marca-se escanteio. 

Por fim, a diretriz da arbitragem prevê que o árbitro, em todo lance com alta dificuldade, consulte toda sua equipe para, em conjunto, tomar as decisões corretas.

Erramos: o texto foi alterado

O quarto árbitro Adriano de Assis Miranda estava na linha lateral, a aproximadamente 20 m do lance em que o árbitro Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza marcou pênalti de Ralf em Dudu, e não próximo ao meio do campo, a cerca de 50 m

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