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Advogada, escritora e dramaturga, é autora de 'Caos e Amor'

Tanto faz

Para quem quer praia, tanto faz a lama, não dava para perder o fim de semana de sol

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Para o Carnaval, tanto faz a chuva. Para quem perdeu a casa, tanto faz o Carnaval. Para quem perdeu o filho, tanto faz a casa. Algumas coisas não fazem sentido. E não adianta se perder nessa falta de sentido, senão todos desabam juntos. A firmeza de um lado é o que pode salvar o teto inseguro do outro. Não é justiça. Não é compensação. A solidariedade é a única resposta que podemos dar.

Tanto faz se soa clichê, mas é isso. A humanidade agiu: acolheu, salvou, alimentou. Muitos pés saíram da areia e voltaram enlameados, vitoriosos e ao mesmo tempo frustrados. Queriam ajudar mais, queriam o impossível. Queriam desacreditar no que os seus olhos viram. Não dá para inventar uma justiça social, não dá para construir uma casa firme sob um solo que não se sustenta.

Praia da Baleia, em São Sebastião (SP), ficou cheia de galhos e árvores após o temporal dos dias 18 e 19 - Bruno Santos/ Folhapress

O "evento extremo" que aconteceu às vésperas de 20 de fevereiro (no Dia Mundial da Justiça Social, tanto faz) atingiu as pessoas de dois extremos de maneiras bem diferentes. Fez tocar a sirene da desigualdade, da sub-habitação, do descaso e descuido de quem ganha para cuidar. Jogou luz na estrada que separa piscinas azuis e piscinas de lama. Nos rememorou, sem dó, o abismo existente entre os dois lados e ilustrou a crônica do nosso país.

Mas o susto mobilizou. Casas de veraneio foram abertas —tanto faz o edredom de algodão egípcio— para acolher o maior número de pessoas. Nas escolas de São Paulo —tanto faz as aulas perdidas— crianças fizeram campanhas e usaram suas mãos e tempo de videogame para empacotar doações. Donos de restaurantes locais —tanto faz a conta do mês— distribuíram comidas e mantimentos. Lula e Tarcísio —tanto faz o partido— se uniram e conseguiram falar a mesma língua diante da lama de tantas coisas erradas e tristes.

As cidades afetadas têm o direito de se recompor do assombro, têm direito ao espaço, ao silêncio. Mas para quem quer praia, tanto faz o respeito. Não dava para perder o fim de semana de sol. E houve saques em caminhões que levavam ajuda. Mas para quem saqueia, tanto faz o outro. Para quem está com fome, tanto faz a lei.

Nessa gangorra do "tanto faz", onde o certo e o errado são relativos, a única coisa que resta é apoiar aqueles que "tanto fazem" para ajudar a reconstrução dos tijolos perdidos:

verdescola@verdescola.org.br - https://verdescola.org.br/

samju@samju.com.br - https://www.samju.com.br/

financeiro@fisesp.org.br - https://www.fisesp.org.br/2023/02/23/federacao-israelita-sp-envia-ajuda-humanitaria-para-a-populacao-do-litoral-norte/

soschuvas@cruzvermelhasp.org.br - https://www.cruzvermelha.org.br/pb/cruz-vermelha-brasileira-abre-campanha-de-arrecadacao-sos-chuvas-e-pede-apoio-para-ajudar-vitimas-nas-regioes-afetadas/

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