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Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

Doutrina de Olavo fracassou no poder, mas ainda será útil para Bolsonaro na eleição

Cartilha do polemista vai formatar comportamento do presidente na disputa pela reeleição

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Olavo de Carvalho nunca escondeu sua frustração com o desempenho de Jair Bolsonaro no poder. O escritor atacava a hesitação do presidente em tomar medidas autoritárias e reclamava da timidez de uma guerra contra o que chamava de comunismo. Em dezembro, o polemista escreveu que só votaria de novo no capitão "por falta de alternativas".

A doutrina de Olavo deu instrumentos a Bolsonaro em 2018 para aglutinar grupos que se moviam por sentimentos diversos. A plataforma do autointitulado filósofo uniu setores que se viam ameaçados por transformações sociais, enxergavam uma conspiração mundial liderada pela esquerda e identificavam um país refém de elites políticas.

Bolsonaro se cercou de ex-alunos de Olavo e instrumentalizou essa visão. Investiu numa agenda ultraconservadora, atacou a inclusão de minorias, aderiu ao conceito de guerra cultural contra adversários políticos e abraçou o discurso antissistema. A cartilha rendeu frutos na eleição e foi transportada para o governo.

Essa agenda começou a fracassar no momento em que Bolsonaro entrou no Planalto. O governo tentou implantar um projeto baseado no preconceito, na destruição de opositores e na concentração de poderes. Fabricou estragos, erodiu políticas públicas e esvaziou instituições, mas não conseguiu tornar o bolsonarismo uma força dominante.

Os elementos do olavismo foram ferramentas eficazes de agitação política e ajudaram a consolidar uma base eleitoral modesta. A busca por essa agitação, no entanto, produziu ameaças à sobrevivência de Bolsonaro e empurrou o presidente para uma aliança com o mesmo sistema político que ele prometia desbancar.

Bolsonaro usou a estrutura do centrão para permanecer no cargo e decidiu se agarrar a ela também na corrida pela reeleição. Ainda assim, o presidente não deixará de lado o figurino antissistema, os velhos ressentimentos da direita e os fantasmas do comunismo. O olavismo ainda será útil para o presidente na próxima campanha.

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