Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian

Disputa por poder vai acirrar briga entre bolsonaristas em 2022

Não há espaço nas urnas em outubro para tantas facções de aliados do presidente

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Abraham Weintraub, Ernesto Araújo e Ricardo Salles só ganharam cargos no governo porque eram peças políticas úteis para Jair Bolsonaro. O trio exerceu, com insensatez singular, o coronelato da guerra cultural lançada pelo presidente para sufocar adversários e ampliar seu poder.

Os três foram derrubados porque se tornaram ameaças a esse mesmo poder. A demissão de Weintraub foi uma oferta para acalmar o STF em investigações contra o grupo de Bolsonaro. Ernesto teve que ser removido para conter a antidiplomacia que causava prejuízos ao país, e Salles foi eliminado para abafar suspeitas de corrupção que cercavam o governo.

Desde então, esse time mantém uma relação instável com o bolsonarismo. Esses expoentes do radicalismo atiçaram os atos golpistas de 7 de setembro ao mesmo tempo em que manifestavam desconforto com as concessões do presidente ao centrão para sobreviver no cargo.

Jair Bolsonaro e Abraham Weintraub em vídeo no dia em que o então ministro da Educação deixou o cargo - abrahamweintraub no Instagram

São movimentos que fazem parte de uma outra briga pelo poder –agora envolvendo diretamente aqueles coronéis. Aliados de Bolsonaro perderam o palco principal para políticos profissionais e temem ser espremidos nas eleições de outubro por integrantes da nova órbita expandida do presidente.

Weintraub, Ernesto e Salles tentam se vender como os únicos e genuínos representantes da ideologia presidencial. Eles perceberam, no entanto, que também há produtos genéricos nas prateleiras. O espaço eleitoral nesse campo será disputado com bolsonaristas intermitentes (como Janaína Paschoal), envernizados (Tarcísio de Freitas e afins) e pragmáticos (no clube do centrão).

Não há votos disponíveis para tantas facções diferentes, e parece improvável que aquele bolsonarismo puro-sangue aceite uma aliança com os demais. Nesta quinta-feira (21), Ernesto atacou o ministro Fábio Faria, que processou ele. O ex-chanceler se descreveu como "um conservador fiel ao projeto original" de Bolsonaro e disse que o político do centrão "foi decisivo para diluir e enfraquecer" essa plataforma.

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