Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).
Os alertas da velha guarda do PT para o novo governo Lula
Ex-ministros acreditam que disputas por influência e lacunas na equipe criam riscos para 2023
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O apetite do PT e os impasses na distribuição de cargos do novo governo fizeram soar um alerta entre integrantes da velha guarda do partido. Esses políticos avaliam que a formação do ministério tem alimentado disputas internas e deixado lacunas que criam riscos para 2023.
O receio foi compartilhado em conversas por telefone e durante um jantar na última quarta-feira (21), em Brasília. Petistas que ocuparam cargos de ponta em governos passados indicaram que os sinais emitidos nos ministérios anunciados e nas pastas pendentes podem provocar alguma instabilidade política.
Uma das preocupações está em dois postos econômicos. Aliados enxergaram fragilidade na recusa de três empresários sondados para o Ministério do Desenvolvimento antes que Lula recorresse a Geraldo Alckmin como solução. Além disso, eles apontam como problema o fato de o Planejamento continuar vazio a menos de 10 dias da posse.
Arrastar a definição de espaços para Simone Tebet e Marina Silva também foi citado como fator de desgaste para um governo que nem começou. Embora defendam o controle da área social pelo PT e tenham reservas ao nome de Marina, esses petistas afirmam que o cabo de guerra público foi longe demais.
Espaços ocupados pelo partido também devem criar arestas que podem dificultar a vida do novo governo. Na economia, haverá briga entre petistas por influência (Fernando Haddad e Aloizio Mercadante não se alinham em tudo), enquanto outras áreas tendem a sofrer com uma queda de braço pela sucessão de Lula.
Petistas da velha guarda consideram que o presidente eleito acertou na cautela ao adiar a distribuição de ministérios a partidos aliados (MDB, PSD e União Brasil), mas ainda não foi capaz de entregar a frente ampla vendida na campanha.
As peças vão se encaixar nos dias finais do ano e dar um respiro ao governo. Esses aliados do presidente eleito acreditam, porém, que os passos da transição tornarão o começo de mandato mais custoso.
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