Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).
Troca na Caixa mostra que pressão do centrão dá poder incomum a Lira
Presidente da Câmara fechou fatura no atacado e deve receber banco com 'porteira fechada'
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Lula avisou a Rita Serrano nesta quarta (25) que ela deixaria a presidência da Caixa. Foi uma formalidade. Na prática, a chefe do banco já havia sido demitida por Arthur Lira.
O presidente da Câmara preparou a ocupação da Caixa pelo centrão. Em setembro, ele desafiou a resistência de Lula e anunciou que a presidência e todas as vice-presidências do banco faziam parte de um acordo político. Em outras palavras, o centrão só ajudaria o governo se tivesse aquelas cadeiras.
A entrega da Caixa com "porteira fechada" mostra que ameaças desse tipo dão a Lira um poder incomum. A partilha de cargos na cúpula do banco costuma ser explorada pelos governantes para satisfazer partidos aliados em negociações no varejo. O atual presidente da Câmara fechou a fatura no atacado.
A Caixa sempre foi cobiçada por políticos. Muitos veem o banco como um duto de verba pública para seus redutos eleitorais. Outros, segundo investigações, já conseguiram fazer negócios privados por ali.
FHC trocou o presidente da Caixa em 1999 para abafar uma rebelião no extinto PFL. "Claro que há limites, cautelas, para que a diretoria da Caixa Econômica responda à política econômica e não aos interesses do PFL", anotou o tucano em seus diários.
Ao longo do tempo, o balcão de negócios foi ampliado para atender aos partidos. Em seus governos, Lula e Dilma Rousseff criaram novas vice-presidências e deram espaço na Caixa para o MDB, de Geddel Vieira Lima e Eduardo Cunha, e para o PP, de Ciro Nogueira.
Depois, o PP ainda chegou ao comando do banco com Michel Temer, que também cedeu vice-presidências a PL e Republicanos. Com Jair Bolsonaro, o centrão costurou alianças com dirigentes da Caixa escolhidos pelo Planalto.
Lira indicou o novo presidente do banco e vai concentrar a distribuição das vice-presidências entre os partidos do centrão. O governo espera algum conforto nas votações do Congresso daqui por diante, ao menos até a próxima ameaça.
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