Bruno Boghossian

Jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

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Bruno Boghossian
Descrição de chapéu guerra israel-hamas Itamaraty

Governo faz opção tática para atravessar etapa inicial da guerra

Foco em repatriação e apelos humanitários reduzem controvérsias enquanto diplomacia afina posição

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A agilidade na repatriação de brasileiros se tornou uma ferramenta importante para Lula num ponto crítico do conflito entre Israel e o Hamas. Com a retirada, o governo pôde celebrar o sucesso de uma ação incontroversa enquanto afina posições, envia mensagens externas e se desvia de armadilhas domésticas.

A diplomacia brasileira fez uma opção tática para atravessar a fase inicial da guerra sem comprometer posições históricas ou a cautela exigida do país durante a presidência do Conselho de Segurança da ONU. O caminho escolhido foi a modulação de declarações públicas, o foco em ações operacionais e um apelo vocal à questão humanitária.

A atitude de Lula, protegido de improvisos durante um período de recolhimento médico, ilustra essa alternativa. Primeiro, o presidente testou limites da linguagem diplomática ao condenar o terrorismo e absorveu críticas ao reforçar o compromisso do Itamaraty de evitar a classificação do Hamas nessa categoria. Depois, ajustou os holofotes.

O governo brasileiro sabe que qualquer consideração geopolítica vai gerar protestos e que nenhuma iniciativa internacional vai solucionar o conflito agora. As recentes declarações de Lula e do Itamaraty se concentraram, então, na divulgação dos voos de repatriação e numa cobrança pela preservação da vida de civis.

Uma das principais apostas do país é a discussão sobre uma intervenção humanitária e a formação de corredores para a saída de crianças. A proposta que Lula direcionou ao secretário-geral da ONU incluiu uma reprovação a ações de guerra, fazendo questão de citar tanto os sequestros feitos pelo Hamas como os bombardeios israelenses.

Essa linha controlada na diplomacia brasileira poupa o governo, em alguma medida, de deslizes na arena externa (como ocorreu após declarações sobre a Guerra da Ucrânia) e de uma disputa improdutiva entre grupos políticos domésticos. A acomodação, no entanto, deve se tornar inviável à medida que os horrores da guerra se acumulam.

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