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Escritora e roteirista, tem 11 livros publicados. Autora de "Macha".

Que remédio Bolsonaro anda tomando? Será um remédio para paranoia?

Um presidente à beira de um ataque de nervos

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Que remédio o presidente anda tomando? A cada novo pronunciamento, aqueles olhos parados —não que não sigam perturbados— e a forma quase mecânica de falar, lendo o texto no teleprompter com a dificuldade de sempre, mas agora como se cada palavra precisasse ser puxada por um guindaste.

Acaba-se prestando menos atenção na mensagem que na figura dele. E, a bem da verdade, o som das panelas nem deixa a gente ouvir.

Seja qual for o remédio, está fazendo efeito. Em “Um Estranho no Ninho”, filme para rever enquanto um decreto não acaba com o confinamento, os internos que se amontoam com os seus fantasmas têm os mesmos olhares, os mesmos esgares. A diferença é que estão do lado de dentro dos muros, e não decidindo os rumos de um país. Rumos é otimismo: decidindo o que vai ser para hoje.

Será um remédio para paranoia? Quando o paciente está na fase de olhar embaixo da cadeira para ver se o Rodrigo Maia não se escondeu ali, quando acorda gritando porque sonhou com o Doria subindo a rampa, quando vê a cara dos ministros do STF refletidas nos espelhos e janelas, só com remédio. Não se discute a necessidade, mas a dosagem. Não estará na hora de aumentá-la?

Pode ser uma medicação para complexo de inferioridade. O sujeito sai do baixo clero, mas o baixo clero não sai dele. Vive querendo mostrar que agora é o bambambã. Prova disso é se cercar de nulidades nos ministérios, todas firmes em seus cargos, e mexer na única pasta que estava trabalhando. Justo no pré-pico da pandemia, esperado para maio. Brasil acima de tudo, tomara que não das mortes dos Estados Unidos e da Europa.

E se for o contrário, remédio para uma personalidade narcisista? “O Brasil estava voando antes disso daí.” Arrã. Dólar a mais de R$ 5, gasolina a R$ 5,50, quase 14 milhões de desempregados, pibeco mais baixo dos últimos 30 anos. Se alguém quiser contar para ele, que espere o horário da injeção.

Toda medicação tem efeitos colaterais. No caso de Bolsonaro, o esquecimento. Sobre as mortes de Moraes Moreira, Rubem Fonseca e Alfredo Garcia-Roza, nem um tuitinho de condolências. Ele fez um post de solidariedade ao cantor sertanejo que andava enchendo a caveira em suas lives milionárias? Então o esquecimento não tem nada a ver com o remédio. É só uma amostra de que a ignorância continua em níveis inaceitáveis. Deus abençoe nosso amado Brasil.

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