Coluna é assinada pelo jornalista e tradutor Daniel de Mesquita Benevides.
Harry Styles toma coquetéis clássicos em filmes recentes
Ator e Florence Pugh, de 'Não se Preocupe, Querida', são citados em fofocas envolvendo coquetéis
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Em seu segundo longa como diretora, Olivia Wilde, a eterna Thirteen, retrata uma utopia ilusória. "Não se Preocupe, Querida" mostra a vida num condomínio de plástico, colorido e indolor, cercado pelo deserto. Um oásis do "american way of life", safra anos 1950.
As esposas servem seus maridos, que por sua vez servem a um projeto secreto. A coreografia dos carros conversíveis, vitrolas e móveis art déco tem o mesmo peso da dança psicológica dos casais, todos vizinhos e unidos pelo propósito de felicidade artificial.
Estamos na era da retomada dos coquetéis clássicos, simples e seguros, em que florescem as cocktail parties. Convidar os colegas de trabalho para canapés e manhattans tinha a função de exibir o lar, a esposa, os dotes culinários e coqueteleiros. Um torneio pouco sutil por status. Dependendo do prestígio dos anfitriões, ser ou não convidado podia ser questão de vida ou morte.
Há várias situações de alegria etílica forçada, como se a aridez do tédio não estivesse ocupando a maior parte da sala. Numa delas, as mulheres equilibram bandejas carregadas de uísque com gelo na cabeça. Os maridos vão se servindo enquanto elas dançam de um ponto a outro do lounge caseiro. Os copos vão caindo no carpete, até que uma sobra: a vencedora!
Em outra cena, experimenta-se uma cascata de dry martinis, com as taças empilhadas em uma pirâmide e o gim sendo copiosamente despejado de cima a baixo. Um serviço de bar exponencial, também dependente de um equilíbrio difícil de manter. Resta saber se havia vermute nas taças, ou se os drinques eram 100% dry.
No clube dessa vida de Truman há um show burlesco de Dita Von Teese. Ela dança e tira a roupa, para enfim mergulhar numa taça gigante, como uma estátua luminosa de Las Vegas, ou uma Vênus renascida em concha alcoólica. É o símbolo do "sonho que não tem sonho nenhum", na expressão crítica de Adorno.
Harry Styles, sujeito simpático, mas um ator sofrível, e a excelente Florence Pugh, formam o casal central, tórrido e disfuncional. Conhecido cantor e compositor, ele parece estar sempre anestesiado, com uma tranquilidade distante, irreal, mesmo nos momentos de tensão.
Não é diferente em "My Policeman", filme que também retrata os anos 1950, mas na Inglaterra —e, por isso, de forma mais chuvosa. Ele interpreta o policial do título, gay enrustido, numa época em que a homossexualidade era proibida por lei, passível de espancamento e prisão.
Numa das cenas vemos seu amante, ponta mais solta do trio completado pela esposa, entrando num bar subterrâneo, escondido e exclusivo para homens gays. Oferece um drinque ao sujeito solitário no balcão. Tomam o mesmo dry martini do deserto ensolarado, só que na penumbra da clandestinidade. Ambas situações tristes por motivos muito diferentes, em filmes bem-intencionados, porém medíocres.
Curiosamente, Styles e Pugh são citados em fofocas envolvendo coquetéis. Ele por supostamente ter tomado doze martinis em uma hora, depois de desafiado. Ela por cabular uma entrevista coletiva para divulgar o controverso "Não se Preocupe, Querida", aparecendo em outro lugar com um aperol spritz na mão e um grande sorriso na cara, como a dizer: "Não se preocupem, queridos."
THE SOUTHSIDE
- 60 ml de gim
- 20 ml de xarope de açúcar
- 30 ml de suco de limão
- 8 a 10 folhas de hortelã
Passo a passo
Ponha os ingredientes numa coqueteleira e macere levemente as folhas de hortelã. Bata com gelo e coe para uma taça coupe. Decore com uma folha de hortelã.
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