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Coluna é assinada pelo jornalista e tradutor Daniel de Mesquita Benevides.

Olimpíadas inspiram bartenders de Paris a criar drinques temáticos

Chegada dos jogos aumenta procura para coquetéis especiais na capital francesa

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Tanto fervor olímpico, com suas odes explícitas e implícitas à boa forma, à força e agilidade, pedem por um pouco de dissolução. O que seria da chama da tocha festiva sem o brilho etílico nos olhos? O que seria dos folguedos sem os fogos líquidos? Daí que especialistas conscienciosos separaram ideias de coquetéis ligados à nobre celebração do esporte em Paris —alguns deles feitos sob medida para a ocasião.

Chef francesa Nina Metayer e cantor franco-israelense Amir seguram a tocha olímpica na avenida Champs-Elysees, em Paris - AFP

Há os que levaram a tarefa à risca e acenderam labaredas na composição. Nesse caso, mais literal que o olympic flame, impossível. Mistura de bourbon, Campari, limão, abacaxi e um gostinho de canela, é encimado por um pequeno incêndio. Cabe certo cuidado com o nariz ao beber. Se sentir-se tentado a erguer o copo triunfalmente, como a estátua da Liberdade, tome uns goles antes para prevenir derramamento.

Outro literal é o torch de lumière. No toque final, usa-se maçarico. Perigo. Os sentidos se acendem, quer queiram, quer não. Sob a flama, casca de laranja, conhaque vsop, rum, licor de banana. Por sua vez, o olympiade (pronta) traz os anéis olímpicos sobre o gelo e só ingredientes franceses: o Suze, o St. Germain, a Grey Goose (vodca gaulesa), o champanhe.

Mais animado é o olympics ring cocktail, quase um objeto de decoração. Os anéis olímpicos simbolizam os cinco continentes. Esse drinque conseguiu reunir todas as cores, menos o preto, difícil em se tratando de mixologia. A simbologia fica assim mesmo, capenga, mas atravessa a faixa de chegada. O licor de melão faz as vezes do verde, a grenadine do vermelho, Blue Curaçau do azul e uma colherada de mel, do amarelo. Deve-se despejar os ingredientes no dorso da colher, para garantir as faixas de cor. O gim dá a liga.

Nossos 110 metros rasos com jacas de obstáculo culminam com o world record cocktail. Dizem que há pelo menos cinco chances reais de termos um recorde mundial nessas Olimpíadas. Na arena dos bares, porém, as chances são ilimitadas. Quem tomar sete world record cocktails seguidos sem cair da banqueta, ganha - para entrar no Guinness são necessários mais sete e cantar a Marselhesa sem errar a letra. Na mistura vão tequila, Pinot noir (!), limão e agave, além de soda.

"New York Herald Tribune!" gritava Jean Seberg, com seu cabelo curto e camiseta listrada, jornais sob o braço, na Champs-Élysées, em "Acossado", de Godard.

Antes a avenida Champs-Élysées era um lugar fétido e lamacento, de má fama, com suas guinguettes, que eram cabarés e tavernas frequentados por prostitutas e bandidos. A partir da Revolução Francesa, foi ganhando a forma de hoje, com seus 70 m de largura e quase dois km de comprimento.

Cenário de comemorações nacionais e muitos filmes, a avenue Champs-Élysées nomeia o melhor dos coquetéis para acompanhar as olimpíadas no espírito mesclado do Barão de Coubertin e de Hemingway.

É nos jardins da Champs-Élysées que o narrador de "Em busca do tempo perdido" se enamora de Gilberte, a bela filha de Odette e Swann. "(...) nos encaminhávamos para os Champs-Élysées pelas ruas decoradas de luz, atulhadas pela multidão, e onde as varandas, escancaradas devido ao sol, e vaporosas, flutuavam diante das casas como nuvens de ouro".

Que venham os ouros!

Champs-Élysées

Ingredientes
45 ml de conhaque
10 ml de Chartreuse verte
20 ml de suco de limão-siciliano
15 ml de xarope de açúcarum
1 lance de Angostura

Modo de preparo
Bata os ingredientes com gelo e coe para uma taça coupe previamente gelada
Borrife o óleo de uma casca de limão-siciliano e a use como guarnição.

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