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Jornalista, autor de cinco volumes sobre a história do regime militar, entre eles "A Ditadura Encurralada".

Num mundo ideal, STF fala por meio de suas decisões, não por redes sociais

Avacalhando o rito, tribunal acabará batendo boca em balcão de lanchonete

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Pelas contas da ONG Artigo 19, em 2020 Jair Bolsonaro soltou 1.682 declarações falsas ou enganosas, quatro por dia. (Em quatro anos, o presidente americano Donald Trump, seu guia, soltou 30.573.)

Na semana passada, a página do Supremo Tribunal Federal rebateu um bordão de Bolsonaro, segundo o qual a corte limitou os seus poderes para combater a Covid e argumentou: "Uma mentira repetida mil vezes vira verdade? Não."

Bolsonaro havia dito que "se eu estivesse coordenando a pandemia, não teria morrido tanta gente". Só Deus sabe quantos teriam sido os mortos se o Supremo Tribunal tivesse permitido que invadisse a competência dos estados. A Coronavac não teria sido comprada, o distanciamento social teria sido suspenso e todo mundo estaria mascando cloroquina.

Santa iniciativa, mas o tribunal não fala por intermédio de redes sociais. Num mundo ideal, ele fala por meio de suas decisões. Pode-se entender que, em casos excepcionais, fale pela voz de seu presidente. Avacalhando o rito, acabará batendo boca em balcão de lanchonete.

Uma mentira repetida mil vezes não vira verdade, mas o seu propagador nunca deixa de ser mentiroso. Joseph Goebbels, autor da frase e ministro da propaganda de Hitler, foi um homem de muitas ideias. Em abril de 1945, quando Berlim estava em escombros e faminta, ele propôs que fossem trazidas vacas da zona rural para dar leite às crianças.

Não explicou como as vacas se alimentariam.

Paes, o festeiro

A revista The Economist chamou o capitão de Bolsonero, mas ele ainda não fez o que o prefeito do Rio anunciou. Eduardo Paes revelou uma programação de festas para a primeira semana de setembro. Empunhou um slogan, "Rio de Novo" e prometeu festas, comidas e jogos de botequim.

Isso num dia em que os dados oficiais do Rio registraram 154 mortes, com 89% dos leitos de UTIs ocupados.

A pandemia matou mais de 30 mil pessoas na cidade, inclusive o pai do prefeito.

Com seu chapéu panamá, Paes adora festas. Hospedou Olimpíadas que legaram elefantes brancos e inaugurou a ciclovia Tim Maia, "a mais bonita do mundo", que desabou três vezes e matou duas pessoas.

A programação anunciada por Paes não incluiu um só ato em ação de graças, no qual poderiam ser lembrados os mortos.

Em tempo: Nero não cantou enquanto Roma pegava fogo. Ele não estava na cidade.

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