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Editada por Felipe Bailez e Luis Fakhouri, fundadores da Palver, coluna traz perspectivas sobre os dados extraídos de redes sociais fechadas

Como nasce e cresce o meme 'Taxadd'

Memes se proliferam através de engajamento orgânico, automatização, diversas narrativas e fogo amigo

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Na última semana, as redes sociais foram tomadas por memes sobre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT).

Utilizando a ferramenta Palver de monitoramento de grupos públicos de WhatsApp, é possível notar que as menções ao termo "Taxadd" explodem no dia 16 de julho, mas o termo já é utilizado há muito tempo.

Esse é um comportamento comum entre diversos tópicos que furam a bolha, existindo de forma "adormecida" e, do dia para a noite, podem se tornar virais.

Meme "Zé do Taxão" com a imagem de Fernando Haddad, atual ministro da Fazenda - X

A primeira ocorrência do uso do meme "Taxadd" parece ter sido organizada por robôs há mais de um ano no WhatsApp.

Uma mensagem que dizia "Taxadd, só criando mais impostos e taxas para a máquina pública corrupta" foi disparada em diversos grupos no dia 31 de março de 2023 por um usuário com comportamento robótico.

Este usuário aparenta ser um serviço automatizado, dado que todas as mensagens enviadas ao longo de dois anos são sempre "pílulas anti-governo" repetidas em diversos grupos nos mesmos minutos.

Esses disparos começam em meio à discussão impulsionada por um deputado estadual do PL de Minas Gerais sobre a taxação de importação de produtos de lojas digitais internacionais.

Depois dessa primeira onda de disparos, não se ouviu falar em "Taxadd" no WhatsApp até o dia 4 de abril de 2023. A partir dessa data, é possível ver diversos usuários utilizando o termo de forma orgânica para fazer brincadeiras e criticar o ministro.

Nas semanas subsequentes, usuários começam a compartilhar mais frequentemente nos grupos quando suas compras internacionais são taxadas. Indignados, enviam prints do portal de importação dos Correios e associam as taxas ao ministro Haddad.

Esse comportamento, que não era notado com a mesma frequência antes, atingiu seu pico de atividade em maio e junho de 2023, mas se mantém constante nos meses seguintes até o início de 2024.

A partir do dia 3 de junho de 2024, é possível notar uma mudança nas mensagens direcionadas a Haddad. Quase diariamente, robôs disparam memes em grupos de direita contra o ministro em duas principais linhas críticas: impostos e dívida pública.

As diversas imagens contêm marcas d'água de políticos da direita, como Rubinho Nunes, Bruno Zambelli, Paulo Martins e Adriana Sousa. Neste momento, começamos a ver os primeiros memes da onda: "Rombocop" (Robocop) e "Rombo Raider" (Tomb Raider).

Ao final do mês, a maior parte dos memes segue a linha crítica à taxação, utilizando intensamente o termo "Taxadd".

Apostar em diferentes linhas narrativas é uma estratégia de diversificação; posteriormente, é possível escolher a linha que cresce mais rápido para impulsionar.

O efeito de identificação dos usuários que foram taxados em suas compras internacionais certamente foi essencial para a proliferação dos memes de "Taxadd". Grande parte do engajamento é orgânico, entretanto, existe impulsionamento automatizado.

Apesar do protagonismo da direita, grupos de esquerda também entraram na onda de ataques contra Haddad.

No início do mês de julho, encontramos montagens do ministro com Paulo Guedes em tom crítico ao ajuste fiscal, que dizia "Paulo Haddedes". Este "fogo amigo" foi uma das primeiras montagens do rosto do ex-prefeito de São Paulo em outra pessoa.

Na semana do dia 16 de julho de 2024, o assunto explodiu em várias redes sociais. Esse engajamento foi essencialmente orgânico e ocorreu logo após um comentário do secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto, que disse que a brincadeira não iria pegar.

Uma vez que um assunto se torna viral e entra no imaginário das pessoas, é muito difícil para a comunicação do governo criar respostas de forma eficaz. A melhor forma de se proteger é ter previamente mapeado as possíveis linhas de ataque e conseguir antecipar respostas às críticas.

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