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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

O mistério das vacinas

Falsa sensação de segurança pode ser um dos motivos para queda de cobertura

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A boa notícia é que a cobertura vacinal de bebês parou de cair; a má é que dos oito principais imunizantes indicados para a primeira infância só um atingiu a meta do Ministério da Saúde em 2018, como mostrou reportagem publicada na segunda-feira.

Até 2015, o Brasil não enfrentava dificuldades para cumprir os objetivos traçados pelos técnicos. Coberturas de mais de 100% não eram incomuns. De lá para cá, porém, pais diminuíram suas visitas aos postos de saúde, num movimento que os especialistas ainda tentam entender.

O mais provável é que a queda na cobertura se deva a um “blend” de razões, que incluem o horário de funcionamento dos postos (pouco amigáveis para mães que trabalham), situações pontuais de desabastecimento (muita gente não volta depois de ouvir um “está em falta”) e o aumento do número de vacinas ministradas (no atual esquema, pais precisam comparecer nada menos do que nove vezes ao posto no primeiro ano de vida do bebê).

Esses são os motivos, por assim dizer, prosaicos, que muito provavelmente respondem pela maior parte do fenômeno. Suspeito, porém, que causas mais anímicas também possam estar operando, ainda que de modo mais distal.

Muita gente gosta de apontar o dedo para a militância antivacina. É de fato uma ideologia preocupante, mas não há sinais de que ela tenha adquirido por aqui escala suficiente para interferir nas estatísticas. Parece-me mais plausível evocar a falsa sensação de segurança decorrente do próprio sucesso da vacinação. Hoje, é preciso ir à África ou à Índia para ver um caso novo de poliomielite. E o medo, gostemos ou não, funciona muito melhor do que a razão como agente motivador.

Também não descartaria a perda de confiança na figura do especialista do governo, que é quem faz as recomendações de vacinação. Esse é um fenômeno bem disseminado e que parece estar na origem até da onda de populismos que varre o mundo.
 

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