Siga a folha

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

Salve-se quem puder

Se o despreparo de autoridades é resultado da democracia, precisamos rever alguns conceitos

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Juro que a última coisa que quero são as hemorroidas do Bolsonaro. O que me impressionou no incrível vídeo da reunião ministerial não foram tanto os palavrões nem as posições antirrepublicanas, que já sabíamos que viriam, mas o completo despreparo das autoridades ali presentes.

A desinteligência começa na própria ideia de gravar o vídeo. Desde Richard Nixon, nenhum político com mais de dois neurônios manda imortalizar situações que revelem a intimidade do poder, a menos que esteja obrigado por lei. No caso de reuniões de gabinete, não existe essa obrigação. Mesmo quando os participantes não confessam nenhum crime, acabam mostrando as entranhas dos processos decisórios, que nunca são bonitas de ver.

Reunião ministerial de abril - Reprodução

No caso específico, porém, há, se não confissões, indícios abundantes de crimes de responsabilidade e até de delitos penais ordinários. Depende só de Rodrigo Maia e de Augusto Aras o início de processos que podem levar à destituição do presidente.

O que realmente preocupa é o alheamento dos hierarcas. O Brasil atravessa uma crise sanitária sem precedentes e que deixará um rastro de destruição econômica raramente vista. As autoridades, porém, não falam nada de aproveitável sobre economia e mal mencionam a saúde. Estão mais preocupadas em adular o chefe e antagonizar adversários políticos. Parecem viver numa realidade paralela na qual só o que importa é a escatologia vascular do presidente.

Se esse é o resultado da democracia, precisamos rever alguns conceitos. Exigir que candidatos a presidente sejam aprovados no Enem e no psicotécnico talvez seja excessivo, mas acho que faz sentido reforçar um desenho institucional no qual certas decisões especialmente sensíveis tenham de passar por órgãos técnicos mais difíceis de aparelhar. Em tese, as agências funcionam um pouco com essa filosofia.

Precisamos dar um jeito de não ficar na mão de gente desse quilate.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas