Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".
Na crise da Ucrânia, Putin tem razão
Ele não quer que o país vizinho integre a aliança militar ocidental
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Vladimir Putin é um autocrata e são fortes as suspeitas de que esteja envolvido em crimes graves, incluindo assassinatos consumados e tentados.
O presidente dos EUA, Joe Biden, já o chamou ao vivo de assassino. Documentos oficiais do governo britânico chegaram a conclusão semelhante após investigar o homicídio de um ex-espião soviético que vivia em Londres. Mais diplomática, a ex-chanceler alemã Angela Merkel culpou o Kremlin (evitando nomear Putin) pelo envenenamento do dissidente russo Alexei Navalni. Basicamente, é difícil manter com o dirigente russo um relacionamento que não seja tóxico.
Não obstante, é perfeitamente razoável a principal reivindicação de Putin no embate que ele trava com a Otan em torno da Ucrânia. Ele não quer que o país vizinho integre a aliança militar ocidental. Em 1962, os EUA quase foram à guerra com a URSS porque ela estava instalando, a pedido de Cuba, mísseis nucleares na ilha. Em ambos os casos, temos um Estado soberano querendo estabelecer um relacionamento militar com forças estrangeiras. Em Cuba, porém, prevaleceu o direito da potência vizinha (EUA) de ter o seu "quintal" (zona de influência, no linguajar da diplomacia) livre de armas atômicas. Por que com a Rússia deveria ser diferente?
É claro que nem a Rússia nem a Otan têm o direito de tomar decisões pelos ucranianos. Mas Kiev tem autonomia para reivindicar a entrada na aliança, não necessariamente para obtê-la. O ingresso não é automático.
Se o propósito da Otan é mesmo defensivo, como diz o tratado que a criou, então não é muito inteligente fazer uma incorporação que será interpretada como gesto hostil pelo único país que tem real poder de fogo para enfrentar a organização.
Exceto talvez pelos rebeldes do Donbass, ninguém tem interesse num conflito de verdade. A dificuldade agora é encontrar uma fórmula que permita aos principais atores recuar proclamando vitória.
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