O principal opositor do presidente Vladimir Putin, Alexei Navalni, preso há um ano na Rússia, foi adicionado nesta terça-feira (25) a uma lista oficial de terroristas e extremistas do serviço de vigilância financeira do país, o Rosfinmonitoring, em mais uma medida de Moscou para asfixiar a oposição política.
Na prática, Navalni estará sujeito a limites de transações bancárias e precisará de autorização toda vez que quiser usar suas contas. Outras nove pessoas ligadas a ele também foram colocadas na lista, segundo o Fundo Anticorrupção, organização capitaneada por Navalni e banida pelo Kremlin em junho.
Braço direito do opositor, Leonid Volkov ironizou a situação em um post no Facebook: "Estou orgulhoso de trabalhar com nossa boa equipe de 'extremistas e terroristas'". "Ao desvalorizar o significado dessas palavras, o Kremlin está fazendo com que aqueles que ainda acreditam em Putin deixem de acreditar nele."
Neste mês, Volkov e outro apoiador de Navalni, Ivan Khdanov, também foram incluídos na lista, que conta com grupos terroristas como o Estado Islâmico (EI). Liubov Sobol, um dos rostos do popular canal de Navalni no YouTube, disse a uma rádio local que, dessa forma, Putin declarava qualquer pessoa que não goste de seu governo como terrorista. Ele foi um dos nove nomes incluídos na lista junto a Navalni.
Navalni está preso há um ano, numa colônia penal, acusado de violar os termos de sua liberdade condicional ao deixar o país. Ele foi detido ao desembarcar em Moscou e já denunciou que funcionários lhe negaram acesso a tratamento médico adequado e adotam prática que ele compara à tortura.
Antes, ele estava na Alemanha, onde recebia tratamento após um envenenamento que sofreu na Sibéria e que atribui ao governo russo —o Kremlin nega. O opositor de Putin chegou a ficar em coma.
Desde então, a Justiça russa baniu as duas organizações ligadas a ele —o Fundo Anticorrupção e uma entidade associada, a Organização de Proteção dos Direitos dos Cidadãos—, tachando-as de "extremistas"; dezenas de sites ligados à oposição também foram bloqueados.
Em outubro, Navalni foi laureado com o Prêmio Sakharov de direitos humanos do Parlamento Europeu, uma das maiores honrarias concedidas pela União Europeia.
Agências locais de notícias também informaram nesta terça que o serviço penitenciário federal russo exigiu que o irmão de Navalni, Oleg, recebesse uma pena de prisão real, não prisão com sursis —quando há suspensão condicional da execução da pena—, à qual ele foi condenado em agosto pelo suposto papel na organização de manifestações durante a pandemia da Covid.
Apesar de estar na prisão, Navalni continua a convocar os russos para que se oponham a Putin. Ele declarou, recentemente, que "não se arrepende nem por um segundo" por ter retornado ao país. A detenção provocou vários protestos no ano passado, mas os atos foram reprimidos com violência.
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