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Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

O fetiche da articulação

Dá-se uma importância além da conta aos efeitos das conversas políticas

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São Paulo

O governo Lula tem conseguido aprovar no Legislativo itens de sua pauta econômica com relativa tranquilidade, mas, em outros temas, tomou várias traulitadas. A mais notável talvez tenha sido o esvaziamento do Ministério do Meio Ambiente. Por que a diferença?

Não são poucos os analistas que apontam falhas de articulação política no governo. O presidente da Câmara, Arthur Lira, não sem uma ponta de cinismo, sugeriu substituir o ministro da Casa Civil, Rui Costa, por Fernando Haddad, da Fazenda. Para Lira, Haddad, ao contrário de Costa, "conversa, negocia texto e é franco nas conversas".

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante o seminário "Reforma Tributária: A Hora é Agora", na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília - Marcelo Camargo/Agência Brasil - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Longe de mim negar a importância do diálogo na política. Acrescento ainda que considero Haddad um dos melhores quadros do PT. Mas, mesmo assim, penso que o diagnóstico de Lira fetichiza para além da conta a articulação política. Uma explicação mais plausível para a diferença de desempenho é que a massa de parlamentares de centro-direita comandada por Lira é ideologicamente favorável às medidas econômicas propostas pelo governo e se opõe à pauta ambiental.

Há, contudo, um ponto na trajetória de Haddad que vale a pena discutir. Ele assumiu a Fazenda sob forte desconfiança do mercado e rapidamente se tornou o queridinho dos "faria-limers". Algo não muito diferente ocorreu com Palocci duas décadas atrás. Minha hipótese é que a cadeira faz o homem, isto é, o cargo que um indivíduo ocupa acaba determinando suas posições.

Essa era uma ideia quase consensual alguns anos atrás. Não foram poucas as figuras medíocres que acabaram ficando maiores por estar no posto certo na hora certa. Pense num Itamar Franco na Presidência do Brasil ou num Rudolph Giuliani na Prefeitura de Nova York no 11 de Setembro. Mas o recente advento de líderes populistas nos últimos tempos mudou um pouco o jogo. Eles ganham eleições com uma retórica extremista e, uma vez no poder, tentam pôr essas ideias em prática.

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