Hélio Schwartsman

Jornalista, foi editor de Opinião. É autor de "Pensando Bem…".

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Hélio Schwartsman
Descrição de chapéu Governo Lula

Até que ponto Lula deve ser pragmático?

Se passam a ideia de que tudo está à venda, políticos desmoralizam a si mesmos

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São Paulo

Apesar de a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, ter ganhado uma sobrevida, tudo indica que o presidente Lula acabará atendendo aos apelos do centrão e a trocará por Celso Sabino. Se é lícito imprimir alguma picância à descrição, Lula substituiria uma aliada de primeira hora e que tem entrada no público evangélico por um bolsonarista. Há também uma boa chance de a Embratur, hoje presidida por Marcelo Freixo, figura icônica da esquerda, ser cedida ao grupo de Arthur Lira.

Sabe-se que a ingratidão é um dever do político, mas, mesmo assim, acho que vale perguntar até onde deve ir o pragmatismo de um governante. Como bom consequencialista, não me oponho às negociações, compromissos e até a algum toma lá dá cá. Se todo mundo for lutar até o fim pelo que acha que é certo, o resultado seria a guerra civil. A democracia funciona porque põe os principais atores políticos para conversar, aplainando as arestas e reforçando os pontos comuns.

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Lula e Daniela Carneiro durante anúncio da deputada para o comando do Ministério do Turismo - Pedro Ladeira/ Folhapress - Folhapress

Ocorre que, também por razões consequencialistas, dirigentes e partidos precisam zelar por uma identidade reconhecível. Se passam a ideia de que tudo está à venda, desmoralizam a si mesmos e à própria atividade política. Foi o que aconteceu com o outrora combativo MDB, que enfrentara a ditadura. O próprio PT experimentou um pouco disso após ver-se envolvido em escândalos de corrupção. O consequencialismo não pode olhar só para os efeitos imediatos; precisa avaliar também as implicações mais difusas das escolhas.

O melhor modo de enfrentar a situação, creio, é reabrir negociações com o centrão, mas preservando esferas de influência que possibilitarão ao governo conservar uma feição discernível. Minha sugestão é que a pauta ambiental e de direitos humanos esteja entre as prioridades. Embora haja resistência no centrão a essa agenda, ela tem a vantagem de agregar apoio internacional e de setores que vão além do PT e da esquerda em geral.

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