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Diretor da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Brasileira, é fundador da Associação Portugal Brasil 200 anos.

Não faz sentido pensar na promoção do Brasil no exterior sem considerar Portugal

Ninguém estranharia se governo Lula escolhesse Lisboa como sede de organizações como BNDES e Apex

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Em 1º de janeiro de 2003, quando Luiz Inácio Lula da Silva e José Alencar tomaram posse, respectivamente como 35º presidente e 23º vice-presidente do Brasil, o mundo era totalmente diferente do que é hoje. Tão diferente que há quem diga que nesse tempo Portugal nem ficava na Europa.

No início desse primeiro mandato, o país de Cristiano Ronaldo ainda era só de Eusébio, na terra do Web Summit se almoçava no Tavares Rico, e existia na região do Tejo um terço dos hotéis de hoje. Esse Portugal que o Brasil hoje ama ainda não existia e, por isso, as possibilidades de interação entre os dois países eram totalmente diferentes. Agora o céu é o limite.

Portugal era uma espécie de Argentina da Europa, país antigo e mofado, morrendo de saudades de um passado simultaneamente colonialista e glorioso. Mas hoje, duas décadas depois, o país é uma moderna capital cosmopolita onde a mais vibrante comunidade no exterior não se sente mais em Buenos Aires, mas sim na Califórnia.

Marcelo Rebelo de Sousa (dir.), presidente de Portugal, recebe o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio de Belém, em Lisboa - Carlos Costa - 18.nov.2022/AFP

Talvez tenha sido essa nova realidade que fez o presidente eleito e sua comitiva almoçar com amigos no restaurante lisboeta Cícero Bistrot, regressando do Cairo, em vez de passar por Londres, Roma ou Paris. É que os mais ilustres brasileiros no exterior hoje têm casa na capital lusa e passaporte português.

Há 20 anos, quem aterrissava em Lisboa ainda sentia uma grande distância para Berlim, mas hoje o tanto de ilustres que lá vive acham que o país já nem sequer fica no estrangeiro. Tanto é que muitos acreditam que para o novo governo não fará sentido pensar na promoção da imagem do Brasil no exterior sem considerar Lisboa.

Para eles, instituições que são bandeira da imagem do Brasil no mundo encontrariam na lusa cidade das sete colinas o local perfeito para inaugurar uma nova atitude nas escolhas do Itamaraty. Os exemplos mais referidos são o BNDES e a Apex.

O dois tiveram ou têm presença no exterior mas nenhum deles se constitui como uma referência da afirmação externa do Brasil. Até 2016, o BNDES ficava em Londres, mas está hoje encerrado, e a Apex vive discretamente, sem brilho nem glória, em Bruxelas, nos corredores da burocracia da União Europeia.

Aloizio Mercadante, o novo homem forte do BNDES, já disse que pensa abrir de novo portas no exterior. Mas, depois do brexit, não será Lisboa um local mais interessante para a nova sede do BNDES Europa que a capital inglesa?

A mesma coisa se aplica à Apex. Se Lisboa é simultaneamente reconhecida como uma plataforma onde se discute o investimento europeu no Brasil e uma porta de entrada para o investimento brasileiro na Europa, não será hoje a capital portuguesa o local ideal para a sede internacional para a promoção externa?

Hoje moram tantos VIPs e ministeriáveis em Portugal que ninguém estranharia que o novo governo escolhesse Lisboa como o lugar para colocar as principais representações destas organizações no exterior. E nem seria preciso expatriar seus dirigentes, porque muitos já lá moram.

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