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É jornalista e vive em Nova York desde 1985. Foi correspondente da TV Globo, da TV Cultura e do canal GNT, além de colunista dos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo.

Descrição de chapéu Governo Trump

Novo macarthismo é mais perigoso porque vem da Casa Branca

Discurso de Trump na comemoração do 4 de julho mostra paranoia do presidente

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"Neste fim de semana, Donald Trump nos mostrou como Joe McCarthy agiria se tivesse sido eleito presidente.” O comentário do historiador presidencial Douglas Brinkley foi uma reação ao paranoico discurso feito pelo presidente no 4 de julho, Dia da Independência.

McCarthy era o senador de Wisconsin que manteve o país refém de uma caçada a comunistas que acreditava terem infiltrado o governo, as Forças Armadas e Hollywood.

Seu sobrenome entrou para o léxico da infâmia. O novo macarthismo a que Brinkley se refere é mais perigoso porque vem da Casa Branca e não encontra resistência no partido do presidente.

Donald Trump e a primeira-dama dos EUA, Melania Trump, participam de comemoração do Dia da Independência no Monte Rushmore - Saul Loeb - 3.jul.20/AFP

Muito se comenta nos EUA sobre uma carta aberta contra a intolerância divulgada na terça-feira (7) e que tem signatários tão díspares como o intelectual de esquerda e linguista Noam Chomsky e o psicólogo e autor conservador Jonathan Haidt.

A carta foi criticada por comentaristas de centro e esquerda por afirmar que a intolerância, agravada com os protestos contra o assassinato do negro George Floyd, vem de todos os lados.

No sábado (4) o colunista Bret Stephen escreveu no New York Times que a liberdade está em risco em todo o mundo e disse que a maior ameaça vem da esquerda. Acusou burocratas e progressistas de não ter convicções, apenas a preocupação de estar do lado certo em dores de cabeça de relações públicas.

Stephens entende de vitimização. Afinal, por 11 anos, ele foi um dos editores da página de Opinião do Wall Street Journal de Rupert Murdoch, um refúgio para obscurantismo confundido com pensamento conservador.

A coluna de Stephens provocou o escárnio habitual de quem não tolera ler no venerando New York Times um autor que estreou no jornal em 2017 levantando dúvidas sobre a ciência climática e o efeito estufa. Tudo previsível.

Ao ler a coluna, outro conhecido conservador e ferrenho crítico do Partido Democrata resolveu oferecer a própria experiência com os tais dois lados. Tom Nichols é especialista em segurança nacional e professor do Naval War College (Escola Naval) de Rhode Island.

Ele se filiou ao Partido Republicano há mais de 40 anos até se desligar, em 2018, quando concluiu que não havia sobrado moderados para liderar o partido além “dos escombros da era Trump”, escreveu, num artigo de despedida.

O professor postou um longo fio no Twitter sobre o argumento de Stephens lembrando que passou toda a vida adulta espinafrando democratas. “Mas só quando me opus a Trump é que começou o assédio, a pressão para me demitirem e as ameaças de morte. Isso é que é cultura de cancelamento.”

Nichols disse que a reação a suas denúncias sobre o risco de totalitarismo, seus ataques aos que chama de “Stalins de calça curta” entre os democratas nunca foi pedir sua cabeça.

Sobre a “guerra cultural” que escribas como Stephens tanto dizem temer, Nichols disparou: a maioria dos republicanos nunca se importou com isso. Eles acenam a bandeira e criticam pobres e pretos apenas para show.

Uma revolução de esquerda nos EUA, continuou, é tão provável quanto a guerra civil pornô fantasiada pelos trumpistas. “Eu nunca enfrentei o gangsterismo macarthista como o que enfrento do Culto de Trump”, disse o professor. Então, sugeriu, peguem seus medinhos e enfiem num pé de meia.

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