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Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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'Mindhunter' vai na contramão dos sustinhos e reviravoltas estapafúrdias

Série faz suspense à moda antiga e angustia em nova temporada, já disponível na Netflix

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Há um problema de ritmo que se impõe na segunda temporada de “Mindhunter”, a série da Netflix que aborda a gênese do departamento do FBI especializado em entender serial killers e evitar sua ação. 

A coisa se agrava porque os suspenses atuais parecem feitos sem muita paciência na edição, algo acentuado pelo formato seriado e sua necessidade de “ganchos” que mantenham o espectador ansioso a cada 30 ou 50 minutos. 

Com uma e outra corajosa exceção —talvez um dia o cineasta Jordan Peele, de “Corra!” e “Nós”, mereça uma estátua pública por se opor a essa pasteurização—, suspenses viraram sinônimo de sustinhos e reviravoltas estapafúrdias.

Definitivamente não é o caso de “Mindhunter”, cuja construção adensada e lenta do mosaico por trás da torpeza dos assassinos em série causa angústia, não ansiedade. Aqui, interessam menos os crimes e mais os criminosos.

 

Se superar esse estranhamento com o desenrolar lento demais da história, o espectador será compensado com uma série que mostra que as maldades e fragilidades humanas são muitas e aparecem em coisas bem menores do que matar ou ser morto.

Um acerto de Joe Penhall, o criador de “Mindhunter”, é adentrar os problemas particulares de cada um dos protagonistas-detetives. 

Wendy Carr (Anna Torv) aparece frágil e até desastrada, sem a blindagem de sua prepotência usual, ao relutar dentro do armário que o cargo impõe, nos anos 1970, à sua homossexualidade.

Holden (Jonathan Groff) antes o menino-prodígido do FBI, sente o peso das responsabilidades envolvidas na sua rápida ascensão, talvez sem o preparo necessário, quando a síndrome do pânico o faz titubear e rever suas tantas certezas de vida. 

Mas é Bill (Holt McCallany), o mais sóbrio dos três agentes, que se vê atropelado por incertezas e paralisia ao assistir às investigações de um assassinato carcomerem sua vida pessoal e a de sua família (aplausos aqui para Zachary Scott Ross como o filho de Bill, o garoto Brian).

O drama é temperado pela história de criminosos famosos na época, sobretudo a de Charles Manson, cujo nome voltou a rondar o imaginário pop também por causa do filme mais recente de Quentin Tarantino.

Há também espaço para a questão racial, que permeia esta temporada com passagens por uma Atlanta ainda segregada no dia a dia e que prevalece atual.

Para uma série que causa tanta angústia, o intervalo de dois anos após a temporada anterior se mostrou salutar. Talvez depois deste novo capítulo, porém, seja a hora de encerrar as desventuras de Holden, Bill e Carr. 

Os nove episódios da segunda temporada de “Mindhunter” estão disponíveis na Netflix

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