Roteirista e escritora, é criadora da série 'As Seguidoras' e trabalha com desenvolvimento de projetos audiovisuais
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Advogada: "O meu cliente não queria estar aqui processando os próprios pais por danos morais, meritíssimo. Mas os réus precisam responder pelo que fizeram quando ele era apenas uma criança e não tinha condições de decidir sobre o que seria postado a seu respeito na internet. Sabemos que a exposição exagerada de crianças representa uma ameaça à intimidade, à vida privada e ao direito à imagem. O crime em questão foi cometido há 16 anos, quando os réus publicaram um vídeo no qual a vítima, com apenas dois anos de idade, ingere as próprias fezes".
Juiz: "Sabia que eu te conhecia de algum lugar. Mesma carinha! Esse vídeo é um clássico. Meu cunhado até fez uma vasectomia depois de assistir. Bota aí para a gente rir um pouco, digo, vamos dar uma olhada na prova".
Advogada: "Em respeito à vítima, acho melhor a gente pular essa parte, até porque todo mundo aqui já assistiu ao vídeo pelo menos uma vez na vida. A publicação viralizou em escala mundial. Em contrapartida, meu cliente sofreu bullying na escola desde a tenra idade. Ele se tornou um menino solitário e, em seu aniversário de dez anos, ganhou um cachorro dos pais. Mas os réus quiseram filmar a reação do garoto e o surpreenderam no quarto, onde ele estava... descobrindo os prazeres do próprio corpo assistindo ao programa da Ana Maria Braga".
Juiz: "Ah, para! Eu jamais reconheceria. Ele se esconde embaixo do edredom, o cachorro pulando em cima, a energia caótica desse vídeo é fascinante. Lembro que no Twitter rolou uma teoria de que o rapazinho estaria mesmo interessado no Louro José. É verdade?"
Advogada: "Isso não vem ao caso, meritíssimo".
Juiz: "Perdão. Prossiga".
Advogada: "Espero que o senhor entenda a gravidade desses atos. Estamos falando da exposição indevida de um menor de idade.
Os acusados alegam ter postado o vídeo pensando no dinheiro, já que estavam passando por problemas financeiros. Com a mesma desculpa, incentivaram o menino a criar um canal no YouTube. Esse HD contém mais de 700 horas de um material desconcertante no qual a criança participa de desafios esdrúxulos, botando a própria segurança em risco. O nome disso, meritíssimo, é exploração infantil".
Juiz: "700 horas?! Vou levar para a minha filha que ela adora essas bobajadas".
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