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Advogado, é membro da Comissão de Direito Urbanístico da OAB-SP.

Confinamento faz com que muitos voltem a valorizar imóvel antigo e espaçoso

O conceito de praticidade extrema está sendo relativizado no período de distanciamento social

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Sempre me encantei por apartamentos em edifícios antigos. Grandes, arejados, bem divididos, com paredes grossas, charmosos e incrivelmente aconchegantes.

Com tristeza, acompanhei a decadência de muitos desses condomínios outrora valorizadíssimos, fruto da falta de manutenção, de administrações incompetentes, de altos custos fixos e também de uma incrível mudança no mercado imobiliário.

Ao longo dos últimos anos, o conceito de moradia coletiva sofreu uma transformação radical, não só por gosto das pessoas, mas também por viabilidade econômica dos empreendimentos imobiliários.

Com a chegada dos gigantescos condomínios clube, áreas comuns bem equipadas e varandas gourmet se transformaram no xodó dos brasileiros, e os corretores nadaram de braçada com esse novo mote de venda.

Mais recentemente, sobretudo nas grandes metrópoles, ganharam força os edifícios conceito. Em geral bem localizados, esses prédios têm apartamentos minúsculos e são desenhados para quem busca praticidade, modernidade, minimalismo e custos fixos mais baixos.

Perplexo, acompanhei o sucesso de vendas de apartamentos com 26, 22, 18 metros quadrados, por preços altíssimos, um fenômeno que deveria ser estudado. Também vi de perto a desvalorização daqueles apartamentos antigos fabulosos, muitos vendidos por uma ninharia.

De toda forma, consegui compreender todas as nuances que levaram o mercado imobiliário a trilhar esse caminho ao longo dos últimos anos e entendi que não foram apenas aspectos econômicos.

É também uma mudança conceitual, uma quebra de paradigmas, até mesmo em função dos jovens, que estão comprando seus imóveis cada vez mais cedo.

Eis que, de repente, no meio de tudo isso, acabamos todos presos em casa, em uma quarentena sem fim. E passamos a trabalhar em casa, a almoçar e jantar dentro de casa.

Demo-nos conta de que espaço, aconchego e isolamento acústico são componentes essenciais para uma moradia completa. A saudade do bom e velho apartamento mais antigo bateu para muitos.

O conceito de praticidade extrema está sendo relativizado durante o período de distanciamento social.

Começo a perceber, feliz da vida, um aquecimento nas vendas e locações de apartamentos antigos, numa interessante composição entre custo e qualidade de vida.

Até mesmo os imponentes prédios empresariais, com grandes lajes corporativas, sentirão em breve os impactos da nova mentalidade.

Já escuto executivos de empresas comentando que substituirão andares inteiros por escritórios menores, fascinados com a possibilidade de reduzir custos e com o sucesso do home office.

Que venham as oportunidades e que saibamos equacionar tudo isso. Ao final dessa jornada, estou certo de que ter um apartamento gostoso, limpo, organizado, aconchegante e com a nossa cara fará toda a diferença.

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