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Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

Risco Brasil ofusca o bom resultado das empresas

Resultado no setor privado parece escantear de vez o sugerido dilema de que seria preciso sacrificar a saúde para salvar a economia

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As empresas com ação em Bolsa ganharam mais dinheiro no primeiro trimestre deste ano do que no do ano passado. Vale a pena destrinchar os números, cenários e períodos para tentar entender o que vem pela frente.

As receitas das companhias listadas aumentaram 30% na comparação anual, e o prejuízo de R$ 50 bilhões registrado nos primeiros três meses de 2020 virou lucro líquido de R$ 77 bilhões.

Por mais que pareça que estamos nessa pandemia há uns 15 anos, é importante ter a linha do tempo clara para notar que o coronavírus não era um problema para a economia nacional até o fim de fevereiro do ano passado.

Pessoas passam pela frente da sede da B3, em São Paulo - Amanda Perobelli - 9.mar.2021/Reuters

O primeiro grande tombo da Bolsa brasileira causado pela Covid-19 foi em 26 de fevereiro. Ou seja: com praticamente 2/3 do trimestre percorridos. E foi perto desta data que as empresas começaram a fechar portas, suspender contratos e afastar funcionários.

Chegou a era do home office que parece não mais ter fim, do comércio de portas fechadas, dos shoppings e supermercados vazios. Com idas e vindas de restrições, a impressão que se tem é que o mundo parou. O que está longe de ser verdade.

Em meio a mortes, demissões, inflação, as empresas brasileiras conseguiram produzir mais. A atividade econômica cresceu 1,6% no primeiro trimestre de 2021 em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados do Monitor do Produto Interno Bruto (PIB), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

O consumo das famílias, por outro lado, diminuiu 1,2%, também na comparação anual. Quando dividimos por setores, é possível identificar crescimento apenas no consumo de produtos duráveis (significativos 8,2%).

O grande impulsionador aumento das receitas das empresas com ação em Bolsa foi o setor das commodities. Receitas atreladas ao dólar (já que somos grandes exportadores de commodities) e à alta do minério de ferro, que rendeu grandes somas à Vale e a siderúrgicas, deram o boom dos ganhos no trimestre.

A receita das companhias com atuação doméstica também subiu, mas pouco mais de 15%. E foi puxada principalmente pelos bancos.

Dos 24 setores não financeiros, apenas três tiveram prejuízo no 1º trimestre de 2021: transportes e serviços, com R$ - 4,50 bilhões; telecomunicações, com R$ - 2,33 bilhões; e veículos e peças com R$ - 138 milhões, aponta um levantamento feito pela Economatica, empresa que reúne dados de mercado.

De acordo com documento divulgado pelo banco BTG Pactual, 48% das empresas reportaram resultados melhores do que o esperado pelo banco no primeiro trimestre deste ano. Enquanto 11% tiveram desempenho mais fraco que o esperado. O resultado no setor privado parece escantear de vez o sugerido dilema de que seria preciso sacrificar a saúde para salvar a economia.

O bom resultado da economia real parece destoar das perspectivas apontadas por analistas gráficos em relação à Bolsa, que destaquei aqui, nesta coluna. Parte disso se deve à dificuldade de fazer previsões sobre o caminho de um país cujo presidente é alvo de uma CPI, o ministro do Meio Ambiente está na mira de uma alardeada operação contra a corrupção, o avanço das vacinas é recheado de incertezas e a inflação volta a abocanhar salários com apetite voraz.

Momentos de insegurança como esse acabam descolando a visão dos investidores estrangeiros (com enorme representatividade no nosso mercado) e o entendimento de quem acompanha as empresas de perto e podem trazer boas oportunidades no mercado.

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