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Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Cheque sua Dívida de Atenção

Futuro sempre chega, e a dívida é cobrada com juros; seja na vida ou nos investimentos

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Conheci recentemente o conceito de "dívida técnica", usado no campo do desenvolvimento de software. Ela é gerada quando uma empresa opta pela solução rápida de um problema, sabendo que ela servirá como remendo para a questão pontual, mas deixará um novo "buraco" a ser corrigido no futuro.

Se tem uma coisa que dá para dizer em relação ao futuro é que ele sempre chega. E a dívida é cobrada com juros. O conceito foi criado por Ward Cunningham, famoso programador. E, na minha visão, pode ser adaptado para o mundo dos investimentos como "dívida de atenção".

Estar atento com oportunidades e manter a carteira atualizada são dicas para o investidor - Amanda Perobelli/Reuters

Trata-se da dívida criada consigo mesmo, quando uma tendência é ignorada e você só nota depois que o navio já zarpou. O investidor iniciante costuma ser o primeiro a pagar a "dívida de atenção", com juros e correção, comprando ações na alta "porque todo mundo está ganhando dinheiro com isso" e vendendo na baixa, porque "cansou de perder".

Claro que não há nada mais amador do que dizer que para investir bem basta "comprar na baixa e vender na alta". Se desse para acertar quando um preço vai subir ou começar a cair, não existiria mercado.

É preciso ter em mente que o mercado se alimenta de expectativas (e do dinheiro de quem as ignora). São as tendências que criam os preços das ações. Enquanto a demanda e a oferta, no "mundo real", mostram quão corretas foram as previsões.

Não à toa, os profissionais do mercado financeiro estão sempre em busca de boas informações, gráficos e relatórios. Uma leitura atenta, ainda que semanal, seguida de uma tomada de atitude, pode diminuir as cobranças da dívida.

Dois assuntos, na minha visão, vão cobrar muito em breve uma "dívida de atenção" dos investidores no mundo inteiro. Ambos relacionados à tecnologia: computação em nuvem e inteligência artificial.

Os dois temas podem parecer "óbvios" para alguns leitores e "modismo" para outros, mas tornaram-se obrigatórios para todo e qualquer avanço industrial e tecnológico.

A era dos grandes servidores próprios, com sistemas analogicamente fechados, é a contramão do home-office, das equipes transnacionais e das integrações entre empresas com a famigerada sinergia.

Ao mesmo tempo, a IA fincou os dois pés, neste ano, em todo e qualquer serviço, comércio ou indústria que dependa de entender e interpretar um grande número de dados —da área da saúde ao marketing—, atender consumidores, testar hipóteses, executar ações repetitivas….

Veja bem.. O mundo gira rápido. As cinco maiores empresas em valor de mercado nas bolsas dos Estados Unidos, hoje, são: Apple, Microsoft, Saudi Aramco, Alphabet (Google) e Amazon. Quatro essencialmente ligadas à internet e uma, a petróleo. Há 15 anos, a Microsoft era a única que já estava nesse pódio, junto a Exxon Mobil, General Eletric, Procter & Gamble e Berkshire Hathaway.

Quem esteve atento à chegada da internet a todo lugar não tinha uma "dívida de atenção" a quitar quando esse tabuleiro se movimentou.

Agora, é hora de reparar que ações da Nvidia, fabricante de chips e componentes usados para sistemas de inteligência artificial, são as favoritas dos analistas de Wall Street para 2024. Com a facilidade de investir fora do Brasil, a falta de similares na nossa Bolsa não é mais uma desculpa para ignorar ondas globais e criar dívidas com seu eu do futuro.

Não pense, claro, que uma ação ou uma tendência vai te deixar rico. Manter uma carteira de investimentos diversificada, bem calibrada e atual vai ajudar a ganhar mais do que perder, no longo prazo. Esse é o objetivo.

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