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Dezembrite, a Síndrome do Fim do Ano

Segundo especialistas, a síndrome pode desencadear episódios de ansiedade e de estresse pela felicidade exigida nas celebrações de fim de ano

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Hipocondríaca do jeito que sou, fiquei aliviada que já tem nome mais uma doença não catalogada, não reconhecida, mas que descreve esse desespero que bate em dezembro, daí o nome, de fazer em 20 dias tudo o que não tivemos competência ou não botamos empenho nos outros 11 meses do ano. É dezembrite. Não dói a lombar, mas embrulha o estômago e maltrata a consciência de ter falhado miseravelmente em algumas ou —todas— as resoluções feitas no calor da emoção e na base da cachaça, na virada do ano.

Apesar de ter prometido que em 2023 seria diferente, foi tudo igual. Então, se você está se sentindo atropelado, tamo junto. A diferença é que este ano, resolvi aderir aos ensinamentos do "coach do fracasso", o único coach possível, e adotei um lema simples: se quer desistir, desista. Desisti. Pronto. Em vez de ficar ansiosa pelas coisas que não deram certo, os trabalhos que não terminei, o aumento que não ganhei, a árvore de Natal que não montei, resolvi ignorar tudo.

Enfeites de natal em loja do Paraíso, bairro de São Paulo - Eduardo Knapp/Folhapress

Os especialistas dizem que toda a ansiedade acumulada nessa época acontece porque dezembro é associado a fim de ciclos, um período de avaliar as conquistas. Bem, fiz o que deu. Não foi muito, mas quando penso que todo mundo morre no final, tenho pensado que não vale o estresse. É só o ano que vai acabar, daqui a pouco tem mais. Se dá para se aborrecer em janeiro, por que fazer isso logo agora? Não vou.

Eu deveria ter terminado um livro. Deveria? Deveria. Não terminei. Deveria ter me matriculado na psicanálise. Deveria, mas por ora ainda preciso passar mais tempo no divã. Deveria ter apresentado uma tese para uma vaga no mestrado. Deveria? Quem disse? Deveria ter lido mais livros e passado menos tempo nas redes sociais. Bem, poderia. Resolvi que não devo nada a ninguém, nem a mim mesma. E tá tudo bem.

A dezembrite, também chamada de "síndrome do fim do ano", pode se manifestar de outras formas. É, segundo os especialistas, capaz de desencadear episódios de ansiedade e de estresse pela felicidade exigida nas celebrações de fim de ano. Neste caso, eu decidi adotar o método Caetano: não me convidem para nada. Eu, a maior farofeira do planeta, que faz festa até para inaugurar a airfryer, fui acometida de tal dezembrite nesse sentido que nem meu aniversário quis celebrar. Os amigos têm me cobrado um jantar, um brinde, um choppinho, já avisei que não vou. Eles que façam, já avisei que não vou. Ano que vem tem mais. Espero.

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