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Jornalista e crítico de TV, autor de "Topa Tudo por Dinheiro". É mestre em sociologia pela USP.

Série pode tornar caso de tráfico sexual nos EUA mais conhecido no Brasil

Documentário da Netflix traz trajetória de Jeffrey Esptein, acusado de abusar sexualmente de menores

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Um documentário da Netflix lançado na semana passada talvez ajude a tornar o financista americano Jeffrey Epstein (1953-2019) um pouco mais conhecido no Brasil. Acusado de tráfico sexual de menores e de conspiração criminosa para traficar menores para explorá-las sexualmente, ele aparentemente se matou na prisão, enquanto aguardava julgamento.

Em quatro episódios, “Jeffrey Epstein: Poder e Perversão” apresenta depoimentos chocantes de inúmeras mulheres que foram molestadas pelo milionário quando eram menores de idade. Também mostra o esquema de tráfico que ele montou. E, por fim, levanta a dúvida se, de fato, ele se suicidou.

Epstein tinha casas em Nova York, Palm Beach (no estado americano da Flórida), Paris e uma ilha no Caribe. Seus negócios, porém, nunca foram expostos claramente e o New York Times levantou a dúvida se ele realmente era bilionário, como muitas publicações diziam. Seu espólio é avaliado em US$ 600 milhões, cerca de R$ 3,2 bilhões.

No seu melhor momento, ainda que pouco aprofundado, o documentário levanta a suspeita de que Epstein conseguiu se manter livre da Justiça por muitos anos graças ao poder do dinheiro e da influência.

A série descreve as dificuldades enfrentadas por policiais e jornalistas que tentaram investigar os seus crimes por mais de uma década, mas foram atrapalhados por editores medrosos e advogados bem pagos.

Uma das investigações mais rigorosas sobre Epstein, realizada pelo FBI, em 2006, terminou com um acordo judicial que o condenou a apenas 18 meses de prisão (foi solto após 13 meses), sem que dezenas de vítimas fossem ouvidas pela Justiça. O acordo foi celebrado pelo então procurador-geral da Flórida, Alexander Acosta.

Quando o caso foi retomado, uma década depois, Acosta era secretário (equivalente a ministro) do Trabalho de Trump e foi acusado de ter aceito um acordo muito favorável ao milionário. Diante das pressões, renunciou ao cargo no governo.

O caso Epstein voltou à pauta pauta sob o impacto do movimento MeToo, que ganhou força em 2017 após as denúncias que envolviam Harvey Weinstein. Coincidência ou não, o financista e o produtor cinematográfico eram amigos.

O documentário deixa a desejar na apresentação do personagem principal. Com exceção de um advogado, nenhuma pessoa próxima a ele topou dar depoimento. Epstein foi amigo de figuras poderosas, como Bill Clinton, Donald Trump e o príncipe Andrew.

A série reproduz uma frase do presidente americano dizendo que não falava com Epstein havia mais de 15 anos. Mas lembra também um comentário cafajeste feito por Trump em 2002, no qual ele elogia o financista: “Dizem até que ele gosta de mulheres bonitas tanto quanto eu, e muitas delas são jovens”.

Uma das vítimas de Epstein afirma que foi obrigada a ter relações sexuais com o príncipe Andrew em Londres quando tinha 17 anos. Ele nega. Há uma foto dos dois juntos —em entrevista à BBC, Andrew disse não saber explicar por que está com a mão na cintura da moça.

O documentário também registra que Clinton viajou mais de duas dezenas de vezes no avião de Epstein. Um ex-funcionário afirma que viu o ex-presidente americano na ilha particular do milionário; ele nega. Uma vítima também diz que esteve com ele no local.

Ainda há muitos assuntos a desenvolver. Várias pessoas que ajudaram ou foram cúmplices do canalha no aliciamento de meninas seguem sem prestar contas à Justiça.

Além da série da Netflix, há notícias de que a HBO está desenvolvendo um programa sobre a trajetória de Epstein. O canal Lifetime também teria um projeto sobre o milionário.

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