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Embaixador de Israel no Brasil pressionou Bolsonaro por medida contra Alvim

Yossi Shelley falou diretamente com presidente para expressar incômodo da representação israelense no Brasil

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O embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, falou diretamente com o presidente Jair Bolsonaro para expressar o incômodo da representação israelense no país com o discurso em que o secretário de Cultura, Roberto Alvim, parafraseou o ministro da Propaganda nazista, Joseph Goebbels.

A reclamação pode ter sido decisiva na exoneração do secretário da Cultura nesta sexta (17). Afinal, Alvim havia sido elogiado por Bolsonaro menos de 24 horas antes de sua demissão durante uma live, na última quinta-feira (16), em que anunciou o lançamento de editais de fomento à "cultura de verdade", nas palavras do presidente, "alinhado com essa ideia de conservadorismo em arte", nas palavras de Alvim.

Secretário de Cultura do governo Bolsonaro, Roberto Alvim, em vídeo em que parafraseia Goebbels - Reprodução/Twitter

O embaixador Shelley é próximo de Jair Bolsonaro, a quem já acompanhou em jogos de futebol e eventos evangélicos, e do secretário de Comunicação, Fábio Wajngarten, suspeito de conflito de interesses revelado em reportagem da Folha, segundo a qual ele receberia, por meio da empresa de que é sócio, dinheiro de emissoras de TV e agências de publicidade contratadas pelo próprio governo.

Seguindo os passos do presidente americano Donald Trump, o presidente Bolsonaro expressou especial simpatia por Israel desde a campanha. 

Antes mesmo de tomar posse do cargo, declarou que transferiria a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, que não é reconhecida internacionalmente como capital do país, além de ter sua ala Oriental reivindicada pelos palestinos.

Bolsonaro foi demovido da proposta pela ala militar de seu governo e pelo receio de retaliações comerciais de países árabes, compradores de carne bovina e frango do Brasil

Em dezembro passado, no entanto, o Brasil inaugurou um escritório comercial da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) na cidade sagrada para judeus, muçulmanos e cristãos. Na ocasião, o premiê israelense, Binyamin Netanyahu, reiterou, ao lado do deputado federal e filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, o compromisso do Brasil em mudar sua embaixada para a mesma cidade.

Há indícios de que a comunidade judaica no Brasil vive uma cisão por causa do presidente brasileiro. No final do ano passado, a 50ª convenção da Conib (Confederação Israelita no Brasil) não teve a presença do embaixador por causa das críticas da entidade a Bolsonaro, em especial por suas declarações de que o nazismo seria um movimento de esquerda. Segundo o Museu do Holocausto, o nazismo é de direita.

O embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, cumprimenta Bolsonaro durante cerimônia de insígnias da Ordem do Rio Branco, no Itamaraty - Pedro Ladeira - 3.mai.19/Folhapress

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