Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Liberação de FGTS em pacote de Bolsonaro é medida imediatista, diz construção
Governo adiou anúncio de rodada de saques em 2019 após pressão do setor
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A indústria da construção elevou o tom das críticas ao pacote de Bolsonaro para tentar aliviar a economia em ano de eleição, que inclui o saque de até R$ 1.000 do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
"Troca-se a geração de emprego pelo consumo, visão imediatista que todas experiências anteriores demonstraram não ser a melhor", diz José Carlos Martins, presidente da CBIC (entidade que representa empresas do setor).
"Reconhecemos a necessidade imediata das pessoas, mas FGTS é patrimônio do trabalhador, não complemento de renda. Cada saque é um estímulo ao consumo e uma dilapidação do patrimônio que o trabalhador pode necessitar no futuro", afirma.
O governo Bolsonaro liberou nesta quinta-feira (17) o saque de até R$ 1.000 a cerca de 40 milhões de trabalhadores com saldo nas contas do FGTS.
A iniciativa faz parte do amplo pacote de medidas para liberar mais de R$ 150 bilhões em recursos no momento de inflação alta e endividamento da população.
A liberação do FGTS é uma pedra no sapato da construção, porque compromete o uso do fundo para o financiamento imobiliário.
Em 2019, o governo Bolsonaro chegou a adiar o anúncio de sua primeira rodada de saques dos recursos após sofrer pressão do setor, que reclamou que a medida prejudicaria a compra de imóveis e a situação financeira das empresas do ramo.
Joana Cunha com Andressa Motter e Ana Paula Branco
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