Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012
Já é assinante? Faça seu login
Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:
Oferta Exclusiva
6 meses por R$ 1,90/mês
SOMENTE ESSA SEMANA
ASSINE A FOLHACancele quando quiser
Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.
A negociação do acordo de credores para salvar a Americanas da recuperação judicial dividiu os bancos, que agora trocam acusações nos bastidores.
Atualmente, o acordo que está na mesa prevê R$ 10 bilhões de dinheiro novo pelos acionistas de referência —Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira— e, em troca, os bancos, proporcionalmente, abrem mão de R$ 10 bilhões de seus créditos, recebendo a diferença em ações e títulos de dívida da Americanas (debêntures).
De um lado, um grupo, liderado por Itaú e Santander, quer resolver logo o assunto e pressiona Bradesco a assinar a proposta.
De outro, o Bradesco insiste em ter a investigação interna concluída para saber se houve envolvimento do trio nas fraudes. Para o banco, isso muda radicalmente a forma como passará a conduzir o acordo.
Em contra-ataque, a Americanas acusa o Bradesco de "alinhamento escuso" com o ex-presidente da varejista, Miguel Gutierrez, que, em seus depoimentos, afirma, sem apresentar provas, que o trio não só tinha ciência das fraudes como deu anuência para elas.
Negociadores afirmam que a ideia do Bradesco é, caso se confirme envolvimento do trio, cobrar dele a maior parte das dívidas para, somente após, acertar os termos do acordo com a Americanas.
Reservadamente, representantes de Itaú, Santander e BTG consideram que esse embate põe em xeque o futuro das recuperações judiciais no país.
Isso porque o Bradesco só aceitaria avançar com o acordo se suas fianças (espécie de seguro) para a Americanas ficassem fora da recuperação. Ou seja: pagas à vista e sem desconto.
As demais instituições consideram que a retirada de créditos (incluindo fianças) da recuperação abre uma brecha para outras recuperações judiciais em curso.
Também consideram que esse movimento esconde a tentativa do Bradesco –bastante forte nesse ramo– de proteger sua operação de seguros e fianças.
O Bradesco, no entanto, desconversa. Seus negociadores afirmam que, inicialmente, foi a Americanas que propôs o pagamento dessas dívidas fora da recuperação. E teve, naquele momento, aval do próprio Itaú.
Dizem ainda que, na recuperação judicial da Oi, o Itaú conseguiu acertar sua fiança fora da Justiça por força de uma decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça).
Eles terminam dizendo que não brigam por causa de R$ 300 milhões, valor que seria pago fora da recuperação judicial.
Procurados, Bradesco, Itaú e Americanas não quiseram comentar.
Com Diego Felix
Receba notícias da Folha
Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber
Ativar newsletters