Americanas pede suspensão de processo aberto pelo Bradesco

Segundo a varejista, empresa encarregada de periciar computadores tem ligação com o banco

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São Paulo

A Americanas protocolou nesta terça-feira (12) uma petição afirmando que a Kroll não pode ser responsável pela perícia nos computadores da varejista.

A multinacional de avaliação de risco e soluções financeiras atuaria em ação movida pelo Bradesco para produção de provas.

Em fevereiro deste ano, a Justiça de São Paulo já havia negado recurso da Americanas para evitar a perícia que buscaria evidências de fraude nos números que levaram a empresa à recuperação judicial. Na ocasião, a Kroll, foi escolhida.

Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas que está no centro da disputa da varejista com o Bradesco
Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas que está no centro da disputa da varejista com o Bradesco - Reprodução

Segundo a companhia, há elementos que colocam em dúvida a imparcialidade da Kroll para estar presente no caso.

Seriam três os motivos: teria feito "parceria" com advogados contratados pelo Bradesco em outro processo; teria sido contratada por outros credores da Americanas para dar consultoria na recuperação judicial; e assistente do banco teria combinado previamente com perito da Kroll perguntas que seriam feitas a colaboradores da Americanas.

"É imprescindível, sobretudo no âmbito de uma controvérsia dessa relevância, que poderá impactar direta ou indiretamente na vida de inúmeros funcionários, credores e acionistas, que não exista qualquer resquício de dúvida sobre a imparcialidade do perito judicial. Em razão disso, a Americanas requereu que o processo seja imediatamente suspenso até a adequada apreciação da petição", disse a empresa em nota.

O Bradesco não vai se manifestar sobre o assunto. Representantes da Kroll não foram localizados para comentar.

No início do ano, a Americanas reconheceu a existência de inconsistência contábil de R$ 20 bilhões em seu balanço e pediu tutela cautelar à Justiça, o que impediria a antecipação das dívidas que, segundo a companhia, chegam a R$ 40 bilhões.

O Bradesco, credor em R$ 4,7 bilhões, entrou com ação para ter acesso a documentos.

A Americanas acusa a instituição financeira de se alinhar com ex-CEO da varejista. Em carta enviada à CPI da Americanas, Miguel Gutierrez implicou Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, acionistas de referência da companhia, na crise financeira e contábil. O trio descarta as alegações.

No último dia 1º, o Bradesco já havia protocolado outra petição sobre o caso, citando reportagem do jornal O Globo de que Gutierrez havia lavrado um boletim de ocorrência, em uma delegacia de Madri, reportando ser perseguido e fotografado por desconhecidos.

A Americanas tratou a acusação como "um capítulo inverossímil da narrativa completamente ilusória e vitimista" criada "para tentar confundir a opinião pública e escamotear seus gravíssimos ilícitos".

Em nota enviada à Folha nesta segunda (11), a assessoria de Gutierrez disse que "a atual administração da Americanas pinça documentos fora de contexto na tentativa de corroborar sua narrativa falsa e incomprovada" de que o executivo teria participado de uma fraude.

"É incompreensível a insistência da Americanas em se precipitar à conclusão das autoridades para proteger seus acionistas controladores e membros do conselho de administração —que têm responsabilidade nas áreas financeira e contábil", acrescenta.

Em uma terceira petição, protocolada no domingo (10), a Americanas afirma que Gutierrez mente na ação do Bradesco.

Também diz que o banco se alia ao ex-CEO na ação contra a empresa. Isso porque ele resolveu se manifestar juridicamente logo após a petição do Bradesco, o que segundo a varejista configura como uma "jogada milimetricamente combinada".

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